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Ondas, trilhas e cachoeiras: a praia de Bruna Bessa em Paraty

Por
Adriana Setti
Em parceria com

Fundadora do Maré Alta, um projeto pra incentivar o surf feminino, a protagonista da série Free Range Humans, da Corona, revela seus achados em Trindade.

Pra muitas pessoas, a pandemia foi o impulso que faltava pra sair das grandes cidades e ficar mais perto da natureza e do que faz sentido. É o caso de Bruna Bessa que, no fim do ano passado, trocou São Paulo por Ubatuba, aderindo ao anywhere office. “Sempre tive esse sonho, mas a decisão só veio depois de ver que meu trabalho ficou 100% remoto e que viver perto do mar seria financeiramente possível”, diz. A mudança ao litoral completa um processo que a paulistana iniciou em 2017, quando largou o jornalismo e criou o Maré Alta, um projeto pra incentivar o surf feminino através de aulas, viagens e retiros. Sua virada foi tema de As Meninas das Ondas. Gravado na Nicarágua, o filme é o primeiro episódio da série Free Range Humans, uma produção do Corona Studios sobre oito pessoas, de várias partes do mundo (ela é a única brasileira), que deixaram pra trás uma rotina convencional em busca de uma vida mais significativa ao ar livre.

“Começar a surfar foi transformador! Mudei totalmente meu estilo de vida, virei vegetariana, parei de ter um pensamento consumista, troquei festas por praia, viagens e treinos”, diz Bruna. “Hoje levo uma vida tranquila, mais saudável, passei a aceitar meu corpo e minhas vontades”. Quando escolheu fazer jornalismo, ela já tinha o sonho de trabalhar com esportes. Durante o curso, porém, viu que a maioria das mídias eram focadas nas modalidades mais tradicionais, como o futebol. “Comecei a estudar o mercado do surf e me dei conta de que os conteúdos eram todos voltados ao público masculino, então resolvi criar um canal no Youtube pra mulheres surfistas.” Assim nasceu o Maré Alta, que acabou saltando do mundo virtual às praias do Brasil e do mundo quando ela passou a organizar surf trips em parceria com sua melhor amiga. “Sentimos que havia necessidade de mais união no surf feminino, além de apoio e incentivo às mulheres que queriam aprender”, diz.

A ideia de usar o surf como ferramenta de empoderamento feminino veio da sua própria experiência. “Pra mim, aprender um esporte que antes parecia totalmente distante foi uma vitória pessoal muito grande, que levei a outros âmbitos. Hoje sei que sou capaz de tudo, basta treinar, ter paciência e não desistir. Nunca achei que poderia empreender e cá estou”, diz Bruna. Assim como ela, muitas meninas chegam à Maré Alta vendo o surf como algo impossível. Mas, depois que conseguem pegar a primeira onda, já se sentem capazes de se jogar, no mar e no mundo, cercadas por uma nova rede de apoio. “Construímos laços nas surf trips. Muitas continuam viajando e surfando juntas, levam a amizade pra vida”, diz. 

Um dos retiros recentes da Maré Alta rolou na praia de Trindade, ao sul de Paraty. Aqui, Bruna revela seus picos preferidos pra surfar, comer e entrar em contato com a natureza nesse refúgio cercado de mata atlântica, quase na fronteira entre Rio de Janeiro e São Paulo. 

Onde ficar em Trindade

Bruna recomenda a Pousada Cambucá (@pousada_cambuca), que fica na Avenida Principal, a 150 metros da praia. “É uma das poucas com estacionamento, super arrumadinha, bem localizada, com ar condicionado e um café da manhã maravilhoso”, diz Bruna. 

Onde comer em Trindade 

O restaurante favorito de Bruna em Trindade é o Villa’s (@villa.srestaurantetrindade). “Fica na vilinha e tem o melhor estrogonofe de palmito que já provei”. Depois do surf, ela curte comer um açaí bom e barato, vendido em uma portinha na esquina, em frente ao bar Muvuca.

Os melhores picos pra surfar em Paraty 

Os picos de surf mais conhecidos da região de Trindade são Cachadaço e Cepilho. “Cachadaço é mais apropriado pra longboard, por ter um fundo mais plano. Já no Cepilho, são ondas mais cavadas, com paredes mais em pé e a bancada mais rasa”, explica Bruna.

As melhores trilhas na natureza em Trindade

“A trilha até a praia do Cachadaço já é maravilhosa”, conta Bruna, referindo-se ao caminho que começa no canto esquerdo de Trindade e passa pela Praia do Meio. “Também curto a cachoeira da Pedra que Engole: você entra em um buraco e sai no poço, super diferente”, diz. O começo da trilha, de uns 40 minutos, fica perto do ponto onde o Rio dos Codós deságua na Praia do Meio.

Passeios de barco em Paraty

Perto de Trindade, há vários lugares intocados que só são acessíveis de barco. Bruna recomenda os passeios da agência Santa Trindade Tours (@santatrindade_tours). “Para em lugares lindos, com água cristalina, perfeitos pra mergulhar e passar o dia”, diz.

Quando ir a Paraty e Trindade

A região de Paraty tem temperaturas agradáveis o ano todo. Já as ondas, ficam melhores com swell de sudeste, que rola com mais frequência no outono, uma época menos chuvosa que o verão. Evite ir em dezembro e janeiro, quando a praia lota e chove muito. Muito mesmo. 

Como ser um turista responsável em Trindade?

“Trindade é um vilarejo pequeno, então é importante economizar água e, como em qualquer lugar, sempre levar o lixo embora das praias e cachoeiras. Também é legal saber da história local. A comunidade caiçara é muito acolhedora e luta pela conservação da natureza”, conta Bruna.

Foto de abertura: Renato Passarelli

A vida é aqui fora!

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