Neve no verão? Só de spray e algodão — e olhe lá. Por aqui, a festa é puro calor, chamego e brasilidades. Bora celebrar o nosso jeito de viver o 25 de dezembro?
Papai Noel todo trabalhado no veludo, meias de lã decorando a casa, trenó, renas, guirlandas com pinhas… Ao mesmo tempo que habitam nosso imaginário, essas imagens parecem surrealistas no clima tropical de dezembro. Mas misturar referências e inventar um jeito próprio de fazer as coisas é a especialidade do brasileiro. Como não amar nosso Natal tropical?
Junto e misturado

A família reunida, amigos em volta da mesa. Natal brasileiro tem banho de mar antes da ceia, mesa ao ar livre, o clima das férias de verão e panetone recheado de fruta de verdade.

Por que continuamos apegados a símbolos natalinos tão distantes da nossa brasilidade?
Questões culturais

A influência da figura do Papai Noel no Brasil tem mais de um século e outros ícones natalinos chegaram por aqui bem antes disso, com os colonizadores portugueses. Ou seja, faz tanto tempo que adotamos essa simbologia que naturalizamos o Natal “importado”. A delícia é que nada nos impede de misturar tudo, reinventar e celebrar a nossa autenticidade.

No nosso ritmo
Sininho e coral infantil? Faz parte. Mas, cá entre nós, nossa playlist natalina sempre acaba sendo mais animada: forró, funk, piseiro, samba, axé, MPB, brega, arrocha…
A gente brinda, a gente vibra
É a época em que o brasileiro adora colocar o sentimento na roda e agradecer pelo ano que passou. Inventamos qualquer desculpa pra comemorar e qualquer ocasião vira motivo de celebração.
Polêmica no ar: com ou sem passas?

Quando surgir o debate sobre esse ingrediente pensado pra resistir ao inverno do Hemisfério Norte, traga paz à ceia lembrando que nós temos muitas outras formas de adocicar a vida: cupuaçu, goiaba e frutas amarelas como caju, maracujá, manga…

A verdade é que não importa se parte das nossas tradições vêm de contextos diferentes dos nossos. O bom de tudo isso é que podemos dizer que o Natal brasileiro é uma mistura deliciosa do calor humano com o calor do verão, temperado com sabores locais e a criatividade que nos define.
Ilustrações: Eduardo Gayotto