Com trejeitos inconfundíveis, carão e muito brilho, o cantor, dançarino e ator foi da opereta à lambada sem perder o rebolado e fez o Brasil se render ao seu vozeirão.
Sidney Magalhães queria cantar bossa-nova, mas foi aconselhado pelo primo — Vinícius de Moraes! — a seguir outro caminho. E assim foi. Em plena ditadura militar, encarnou uma versão cigana de Elvis Presley, subiu no salto e se converteu em um fenômeno que hipnotiza crianças e causa desmaios na plateia há meio século.
Latin lover de um love só

Casado com Magali West há 43 anos, se separou do empresário com quem chegou ao auge — Roberto Livi, autor do hit Sandra Rosa Madalena —, porque ele não queria que o artista se casasse, pra bancar a fama de pegador. Essa história de amor é o enredo do recém-lançado Meu sangue ferve por você, dirigido por Paulo Machline.
Botou abaixo estereótipos de gênero

Sidney Magal se vestia de brilhos, cores gritantes, mangas bufantes e salto alto. Com uma cabeleira indomável e voz de trovão, rebolava loucamente. Tudo isso em plena ditadura militar, nos anos 1970.

“Eu era quase uma drag queen. Tenho um misto de homem e mulher e me orgulho muito disso. Cheguei a declarar que todo ser humano é bissexual. Dentro de si você tem o ser masculino e feminino. E faz deles o que quiser.”
Sidney Magal à Folha de S.Paulo, em reportagem de Leonardo Sanchez
Só tem um
Olhar penetrante. Carão. A mão que dá voltas no ar em movimentos dramáticos. Voz de trovão. A salada de referências latinas traduzida em uma expressão corporal inconfundível. O rrrr pronunciado. É pura teatralidade e não deixa ninguém indiferente.

“Ser chamado de brega me parecia uma coisa muito inocente, boba, de pessoas que não reconheciam que havia uma discriminação social nisso tudo. Quem curtia o Sidney Magal era a cozinheira, o pedreiro, o lixeiro, então não ficava bem para as pessoas da ‘sociedade’ admirar um artista do povão.”
Sidney Magal no Roda Viva (TV Cultura)
Deu muitas voltas por cima

Depois do hype entre os anos 1970-1980, foi esquecido pelos holofotes até voltar todo-poderoso em 1990 com Me chama que eu vou, trilha sonora da novela Rainha da sucata, da TV Globo. Estava inaugurada sua fase como o rei da lambada. Hei, eh-ô, eh-ô! Também fez cinema, novela, teatro…
É solar

Felizão no papel de avô, chorão e transparente, é um exemplo de como encarar o envelhecimento de forma positiva e realista, com tesão pela vida, reconhecendo suas limitações e sem se levar tão a sério.
Crédito da imagem de abertura: Arquivo pessoal Sidney Magal / Instagram