Vibes

Veneno, a rádio que nasceu pra unir todas as cenas

Por
Fernanda Nascimento
Em
25 junho, 2019
Em parceria com

“Alô, vamos começar mais um programa do Timbais, Congas & Synths com Mahal Pita e Trepanado aqui na rádio Veneno. Vamos nessa?”, anuncia no microfone o DJ e produtor João Gabriel Pereira, que atende como Ubunto – é ele na foto aqui em cima. Criada há um ano por Rico Jorge e Rafael Toledo, a Veneno reúne o que há de mais legal nas cenas musicais pelo país em uma rádio online, com dezenas de programas gravados numa casa compartilhada na Vila Madalena, em São Paulo. Naquela quarta-feira de maio, dois convidados se preparavam para tocar um set na terceira edição do programa de Ubunto.

“O Timbais, Congas & Synths é pautado na percussão e no sintetizador, por isso o nome”, explica Ubunto. “A rádio é um espaço em que não preciso me prender à pista e posso convidar outros artistas para mostrar sua pesquisa e falar sobre um tema através da música”. O produtor Mahal Pita, responsável pelo som de bandas como BaianaSystem, foi quem abriu o programa com uma mistura tão heterogênea que passava pela primeira gravação fonográfica no Brasil, assim como por músicas do Harmonia do Samba e outros pagodes das antigas. Na sequência, Augusto Olivani, o Trepanado, uma das metades do duo Selvagem, mandou seu set de música brasileira. Já eram quase 22h quando Ubunto assumiu os pick-ups. A essa altura, o sobrado já ganhara um clima de festa, com os amigos chegando para ouvir a gravação, tomar um drink e falar sobre música.

O produtor musical Mahal Pita toca no estúdio da Veneno

“Mais que uma rádio, a Veneno é um lugar de união dos diversos contextos da cena São Paulo afora”, diz Rico Jorge, um dos fundadores. “A transmissão é a plataforma, é a solidificação. Mas o que rola por trás, a experiência e as trocas, é o que cria toda a verdade da Veneno. Todo mundo meio que se une pelo amor à música.” Tanto Rico quanto Rafael, o outro nome por trás da rádio, tinham esse amor mais como um hobby. Rico circulava pelos pick-ups da cidade, mas o lance de Rafael era a pesquisa. Ele sonhava com uma plataforma em que pudesse reunir a galera que mergulha nos mais diferentes universos musicais. Foi aí que a dupla se juntou e resolveu colocar uma rádio no ar pra ver no que dava. E deu certo.

Rico Jorge, um dos criadores da Veneno

A cena eletrônica de São Paulo chegou primeiro à Veneno, que depois abriu espaço para outros ritmos. Na verdade, nunca esteve fechada. “Começamos pensando mais na cena eletrônica da cidade pelo momento que a gente tem vivido há alguns anos: a cena fora dos clubes, festas de rua e todo o contexto”, explica Rico. Hoje rola um pouco de tudo. Tem programa de música experimental, tem brasilidades de turmas como a Rabo de Galo e tem programa só das minas, o Sal, com curadoria de Rafa Camilo e Gabi Bahia. “Você vê gente de diversos nichos colando. E trocando ideia, se conhecendo….”, diz Rico.

Além dos programas gravados no QG da Vida Madalena, eles começaram a levar a Veneno para outros lugares. “Nosso espaço aqui é limitado, então as transmissões fora da rádio são uma oportunidade de juntar mais gente e rolar uma troca maior. E acaba virando um acontecimento, uma festa”, diz Rico. Quando um programa prepara uma edição com convidados especiais, como a última gravação de Timbais, Congas & Synths, ele é transmitido ao vivo na internet. Duas semanas depois, vai parar no site da Veneno e, assim como todos os outros programas, fica disponível para ser ouvido quando quiser.

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Para quem é DJ, a rádio funciona como um espaço para criar e experimentar longe das pistas. Para os pesquisadores musicais, um lugar para transformar a relação com a música. Quem está do outro lado da nuvem pode ouvir sets inéditos, reuniões improváveis e sentir o que está sendo produzido de melhor nas mais diversas cenas do Brasil. “A Veneno não tem muito carão, nem muita definição prévia. É um lugar aberto. Se você está aqui para fazer o que é real pra você, você vai fazer parte”, explica Rico.

Foto de abertura: Ubunto grava o programa Timbais, Congas & Synths na rádio Veneno | Crédito: JP Faria


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O mundo evoluiu. O sofisticado está nas coisas simples. O bom gosto não tem preço. Não é mais sobre ter, é sobre descomplicar. É sobre dividir, compartilhar.
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