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Renata e os verbos auxiliares do coração

Por
Fabiana Corrêa
Em
3 março, 2016

Amar é o verbo predileto de Renata Vanzetto. Aprendeu a conjugá-lo cedo, em diferentes tempos e pessoas. No gerúndio, aos 12 anos, quando tomou conta da cozinha da casa em que morava com a mãe e a irmã em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, e passou a promover concorridos jantares para convidados. No futuro do presente quando decidiu, com incondicional apoio e envolvimento da família, profissionalizar a brincadeira e abrir seu primeiro restaurante, o Marakuthai, aos 18 anos, lá mesmo na Ilha, pondo em prática sua cozinha caiçara com inspiração thai. No presente, quando questionada, hoje em dia, do sentimento, 15 anos depois, de estar à frente de quatro empreendimento de sucesso em São Paulo e na Ilhabela. A saber, são eles: o Ema e dois Marakuthai em São Paulo, e a cevicheria MeGusta e um terceiro Marakuthai, ambos em Ilhabela, sem contar um serviço de buffet para festas e eventos. E foi por amor, ironicamente, que o verbo saudade também entrou no rol dos mais conjugados pela chef de 27 anos. Ela perdeu, de forma trágica, um namorado, quatro anos atrás. E o amor e a saudade nunca mais se desgrudaram. Mas a história de Renata é solar, de vitórias consecutivas e uma absurda sede de criar e viver. De uma caiçara que ainda faz questão de, literalmente, manter os pés na areia e a cabeça no céu – de preferência com os cabelos ensopados de água salgada.

Você acabou de chegar em São Paulo e já está indo viajar novamente. Está vindo de onde e indo pra onde, Renata?
Cheguei da Ilhabela, onde passei o final de semana com amigos e família. E amanhã viajo para a Praia do Espelho, na Bahia, com um grupo que adoro. Eu faço tudo ao mesmo tempo, sou de curtir muito o dia e de curtir muito a noite. Tenho várias amigas que trocam um pelo outro – vão para a balada à noite e, no dia seguinte, ficam mortas em casa. Ou dormem cedo pra chegar cedinho na praia. Eu não! Adoro acordar cedo pra ir à praia e ficar tostando no sol, mas não existe esse negócio de ir dormir às dez da noite. Sou hiperativa (risos).

E como é que faz para, depois de tudo isso, conseguir trabalhar e passar horas de pé numa boa?
Não tenho nenhuma receita especial. Acho que é porque eu preciso muito estar com as pessoas. Não aguento saber que tem três amigos juntos e eu não estou lá, aproveitando a companhia, curtindo, dando risada. Eu não posso perder nada, nunca. Nem café, nem balada, nem praia. Sou espevitada. O que ajudou muito foi que, de uns anos pra cá, consegui reunir uma equipe talentosa que me apoia e que possibilita eu ter uma vida longe da cozinha, pois lá o trabalho é intenso. Comecei a trabalhar muito cedo, passei muitas madrugadas trabalhando – e ainda passo. Mas como tenho gente me apoiando, hoje tenho a possibilidade de sair à noite, fazer viagens longas, coisas que antes eu nem sonhava. Então agora eu preciso aproveitar muito!

Cozinhar ajuda nessa união?
Muito! E o Ema tem essa característica. É pequeno, aconchegante, acaba ajudando a aproximar as pessoas. Eu conheci muita gente assim, cozinhando no balcão, vendo gente comer, conversando. Eu fico triste quando eu não passo a noite lá, fazendo o que eu mais amo e encontrando meus amigos.

E quando você não está trabalhando, cozinha pra essa galera também?
As pessoas já esperam isso de mim. E eu não decepciono (risos). Dia desses a gente cozinhou frutos do mar, pegou vinho gelado e fez uma cesta de piquenique pra almoçar na praia. Foi uma delícia. Se não é na praia, é na casa do meu pai, que fica bem em frente ao Marakuthai da Ilhabela, ou na minha casa aqui em São Paulo. Mudei no ano passado para uma vila deliciosa, que pintei com as cores das casinhas da Praia do Pinto, que fica lá na Ilha. E quando vejo, a casa já virou um albergue, cheia de gente em todos os cômodos. O povo chega pro churrasco sábado à tarde, a gente coloca a mesa no quintal e, quando vejo, estão tomando café da manhã no domingo.

Seus restaurantes estão sempre cheios. Sua casa também. O que você faz para atrair tanta gente?
Eu atraio e mantenho meus amigos, mas não é um esforço. Me dei conta que eu tenho a qualidade de unir as pessoas. Tanto que os amigos da Ilhabela dizem que, quando eu não vou, às vezes eles nem se encontram. Eu marco coisa o tempo inteiro, chamo todo mundo. A viagem para a Praia do Espelho é com catorze pessoas, nem eu acredito. Outro dia eu postei no Instagram uma foto muito louca, com um monte de amigas jantando no Ema. Na verdade, ninguém ali se conhecia antes. São todas amigas minhas e foram chegando, chegando, eu fui conversando com uma, levando um agrado pra outra… Quando eu vi, estávamos todas comendo e bebendo na mesma mesa e já eram quatro da manhã. No dia seguinte, elas já tinham combinado um encontro, duas marcaram reunião e por aí foi. É algo muito natural, faço por gosto.

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Você, pelo jeito, come bem e muito. Como cuida da aparência? Qual é sua vaidade?
Sou muito vaidosa, mas não sou de ficar usando creme, maquiagem demais, sou mais natural. Também pratico alguma atividade física, embora esteja meio sedentária no momento. Então, acho que o que eu mais faço é cuidar da alimentação. Você não vai me ver comendo fritura durante a semana, nem com um copo de refrigerante na mão. Tenho um lado bem natureba. Mas, quando chega o final de semana, eu me dou o direito de comer tudo o que tenho vontade. De resto, não seco nem o cabelo. E também não abro mão de tomar sol, com filtro solar, claro, mas tomo. Tenho amigas que ficam na sombra, mas não consigo. Sei que a pele sofre um pouco, mas me sinto tão bem quando me bronzeio que dou um desconto.

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Qual foi a viagem mais bacana dos últimos tempos, aquela que você aproveitou mais?
É sempre na praia, né? Bahia eu tenho que ir várias vezes por ano, é meu lugar predileto no mundo, me recarrego. No ano passado fui três vezes. Mas já teve Atacama, no Chile, que foi incrível. E, no ano passado, passei um mês na Europa, sendo uma semana em Portofino, na Itália, com amigos e família. Foi demais. Vinho branco, frutos do mar, barco, uma casa maravilhosa… Foi perfeito. Lá eu pude relaxar, ir ao mercado, ficar descansando e fazer as coisas sem pressa alguma.

As viagens te inspiram na hora de criar novas receitas?
Muito. Começou com o tempo que passei na Europa, fazendo estágios em restaurantes. Depois teve a Dinamarca, no Noma, onde eu aprendi muito – voltei mais hiperativa que nunca. A de Portofino foi muito inspiradora também, porque não foi uma viagem turística, foi diferente, como se eu morasse lá. Eu fiquei na casa de amigos, então eu ia aos mercados comprar frutos do mar, ia aos restaurantezinhos, aproveitava para fazer testes de novos pratos, anotei muita coisa e voltei com vontade de mudar tudo, pra variar um pouco.

Agora queria que você desse suas dicas de verão…
Amo sangria, amo Ilhabela e não sei muito sobre baladas. O melhor, pra mim, são as festas na casa de amigos ou na minha casa. Mas se a gente estiver passando na frente de um forró e quiserem entrar, eu entro. Se não, bota um Caetano pra tocar que eu danço a noite toda.

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