Biquínis não ocupam muito espaço na mala. Recentemente ouvi essa frase de um casal de jovens empreendedores digitais, Prerna e Parag Gupta, ambos na faixa dos 30 e tantos anos, que decidiram se livrar de tudo o que era supérfluo – do carro aos equipamentos de ginástica, das pilhas de fotos velhas (devidamente digitalizadas) ao home theater – e por o pé na estrada. Deixaram para trás sua casa em São Francisco, na Califórnia, e resumiram suas vidas em uma mala, duas mochilas, um par de notebooks e uma cítara.
Apoiados na tecnologia, durante doze meses eles rodaram o mundo. Moravam em casas e apartamento alugados por meio do Airbnb enquanto continuavam trabalhando, remotamente, como freelancers – bastava tomada e wi-fi. Passaram pela Costa Rica, por El Salvador, pelo Panamá, pelo Sri Lanka, pela Suíça e pela Índia. Reaprenderam a valorizar coisas que haviam esquecido, como um café da manhã sem pressa e de preferência ao ar livre, e a importância de olhar nos olhos de outras pessoas e perguntar, com genuíno interesse, quem são elas e como estão. Aprenderam a surfar. Escreveram um livro.
Como nada é eterno, decidiram retornar Califórnia com a intenção de criar novos negócios e buscar investidores. O fato é que voltaram transformados. Doaram boa parte dos seus bens materiais e reorganizaram, em seus rankings mentais, a real importância de cada coisa na vida.
Assim como eles, centenas, milhares de pessoas estão fazendo o mesmo neste momento. Tenho um exemplo próximo: um amigo espanhol, Guillermo, dono de uma pequena companhia que representa empresas de tecnologia internacionais com interesse em entrar no Brasil, divide o seu ano assim: quatro meses por aqui, quatro meses na Califórnia e outros quatro meses na Espanha, entre Madrid e Barcelona. Sempre caçando o verão.
Ele já aprendeu que um biquiní, ou, no seu caso, uma sunga, e um Macbook Air não ocupam muito espaço na mala.