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Um papo filosófico com Millos Kaiser e Augusto Olivani, da Selvagem

Por
Olívia Nicoletti
Em
1 março, 2018
Em parceria com

O duo Selvagem virou sinônimo de festa animada, com música boa e gente interessante. Também se tornou o principal representante de uma retomada pela ocupação de lugares públicos, em festas democráticas em ruas e praças da cidade.

Formado pelos amigos Augusto Olivani (@trepanado) e Millos Kaiser (@milloskaiser), o duo Selvagem (@festaselvagem) virou sinônimo de festa animada, com música boa e gente interessante. Também se tornou o principal representante de uma retomada pela ocupação de lugares públicos, em festas democráticas em ruas e praças da cidade. Foi, inclusive, dessa maneira, com o apoio da Aperol, a primeira marca a apostar na dupla, que em 2012 realizaram a primeira edição oficial da festa no Paribar, em frente a praça Dom José Gaspar, no Centro de São Paulo. Era o começo de uma onda – que ainda se mantém forte e consistente – que mudou o conceito de festas na cidade: na rua, em horários alternativos, superdemocráticas.

Hoje, as edições da Selvagem são quase semanais, começando no final da tarde, adentrando madrugadas e acontecendo sempre em ambientes pouco explorados. Cinco anos depois, Millos e Augusto fazem turnês pelos Estados Unidos e pela Europa e passaram a integrar o line-up de alguns dos festivais mais relevantes de música eletrônica do planeta, caso do Dektmantel, que nasceu em Amsterdã e que passa pelo Brasil neste final de semana. Quem estiver em São Paulo, vale anotar: a dupla toca neste domingo (4). Aqui, Millos e Augusto estreiam nossa série de entrevistas em parceria com a Aperol Spritz baseada no mítico Questionário Proust. De quebra, também fizeram uma playlist definitiva para você fazer uma festa de rua.

Qual é a sua ideia de felicidade plena?

Millos Kaiser: Pessoas que amo em volta, boa comida, boa música, boa cama.
Augusto Olivani: Domingo de manhã, mulher, filho e gatos na sala, cheiro de café fresco no ar, algum disco favorito tocando.

Qual é o seu maior medo?

MK: Perder pessoas que amo.
AO: Ser mal interpretado.

Qual é a característica que mais detesta em si mesmo?

MK: Preguiça.
AO: Sofrer quieto.

Qual é a característica que mais detesta nos outros?

MK: Empáfia.
AO: Cinismo.

Que pessoa viva mais admira?

MK: Caetano Veloso.
AO: Stevie Wonder.

Qual é a sua maior extravagância?

MK: Alimentar.
AO: Single malt escocês.

Qual é o seu estado de espírito atual?

MK: Bom, com perigo de melhorar.
AO: Contrariado.

Fotos: Thays Bittar

Qual considera ser a virtude mais sobrestimada?

MK: Generosidade.
AO: Genialidade.

Em que ocasiões você mente?

MK: Quando acho que a verdade não traz lucro a ninguém.
AO: Naquelas em que é socialmente aceito mentir.

O que você menos gosta na sua aparência?

MK: A calvície que se aproxima.
AO: Minhas pernas curtas.

Qual a característica que você mais aprecia em homens?

MK: Gentileza.
AO: Senso de humor.

Qual a característica que você mais aprecia em mulheres?

MK: Força.
AO: Senso de humor.

Que palavras ou frases você usa excessivamente?

MK: “Nunca faltou tão pouco”.
AO: “Sabe” e “eita”.

O quê ou quem é o maior amor da sua vida?

MK: Luara.
AO: Carol e Vittorio.

Onde e quando foi mais feliz?

MK: Não sei se mais feliz. Mas fui bem feliz no primeiro show internacional que fui: Offspring.
AO: Entre dezembro de 1980 e agosto de 1981, na barriga da minha mãe.

Que talento você gostaria de ter?

MK: Não acredito em dom natural, mas existem inúmeras habilidades que gostaria de ter aprendido/desenvolvido. Programação, desenho, composição musical, surf.
AO: Desenhar.

Se você pudesse mudar uma característica em si, o que seria?

MK: Ser menos preguiçoso.
AO: Timidez.

Qual considera ser a sua maior conquista?

MK: Conseguir – um dia após o outro – viver de e pela música.
AO: Constituir uma família.

Se morresse e voltasse, que pessoa ou coisa gostaria de ser?

MK: Acho que tenho talento para ser um herdeiro excêntrico.
AO: Marco Polo.

Onde você gostaria de viver?

MK: Moreré, na Bahia, por alguns meses.
AO: Provence, na França.

Qual é o bem mais valioso que tem?

MK: Meus discos. Dã.
AO: Um Fusca 1974.

Qual considera ser a maior profundidade da miséria?

MK: Pobreza de espírito.
AO: Pobreza de espírito, egoísmo.

Qual é a sua ocupação favorita?

MK: Procurar discos legais que ninguém conhece ainda.
AO: Tocar música para os outros.

Qual é a sua característica mais marcante?

MK: Prefiro deixar os outros responderem.
AO: Olheiras.

Duo Selvagem

O que mais valoriza nos seus amigos?

MK: Originalidade.
AO: A capacidade de rirem de si mesmos.

Quem são os seus escritores favoritos?

MK: Campos de Carvalho, Nelson Rodrigues.
AO: Vladimir Nabokov, Jorge Luis Borges, Herman Melville, Luigi Pirandello, Edgar Allan Poe, Michel Houellebecq, Ricardo Lísias.

Quem é o seu herói da ficção?

MK: Pirava no Batman quando era criança.
AO: Gilgamesh.

Com que personagem histórico você mais se identifica?

MK: O rapper, DJ e produtor musical J Dilla.
AO: Augusto, fundador do Império Romano.

Quem são os seus heróis da vida real?

MK: Meu pai e meu avô.
AO: Alan Lomax, John Peel, Larry Levan, David Mancuso.

Quais são os seus nomes favoritos?

MK: Isaac, Lena e Sarah.
AO: Vittorio e Valentina.

Do que é que menos gosta?

MK: Piso frio.
AO: Quiabo.

Qual é o seu maior arrependimento?

MK: Não ter comprado bitcoin uns anos atrás.
AO: Ficar com algumas palavras entaladas na garganta.

Como gostaria de morrer?

MK: De repente.
AO: Dormindo.

Qual é o seu lema de vida?

MK: Abra suas asas, solte suas feras.
AO: A subjetividade é a única verdade.

Descreva a festa perfeita

MK: Cem pessoas no máximo, amor no ar, soundsystem bom, algum DJ que gosto e banheiro sem fila.
AO: Uma mistura sem receita de amigos e desconhecidos, frequentadores regulares e estreantes, pessoas de todos os tipos e credos, com um sistema de som bom e uma vontade genuína de se divertir e de se libertar das convenções sociais.

Um som que vai bem em qualquer ocasião

MK: Emílio Santiago – “Revelação”.
AO: Punkin Machine – “I Need You Tonight”.

O que nunca pode tocar em uma festa

MK: Obviedades e hits demais geralmente me dão sono.
AO: Vale tudo desde que o momento seja propício.

Um novo talento da música eletrônica

MK: Shelter.
AO: Benja Sallum.

E da música brasileira?

MK: Gabriel Guerra.
AO: Tim Bernardes.

Qual é a sua praia?

MK: A que tiver menos gente.
AO: Qualquer uma desde que eu esteja debaixo do guarda-sol.

Um verão perfeito

MK: Praia, sol com brisa, cerveja gelada, celular sem sinal.
AO: Uma casa de frente para uma praia isolada de areia branca fina, banhada por um mar cálido, devidamente abastecido de água de coco gelada, caipirinha de cajá e moqueca de polvo com banana. Brisa mansa no rosto, longas caminhadas, cochilos na rede, passeios de barco, ouvir o barulho das folhas do coqueiro e o som único de cada onda que rebenta, o cheiro da maresia. Tudo bem trivial.

Ouça também a playlist criada por Millos Kaiser com faixas raras que não estão disponíveis no Spotify:


Aperol Spritz

O mundo evoluiu. O sofisticado está nas coisas simples. O bom gosto não tem preço. Não é mais sobre ter, é sobre descomplicar. É sobre dividir, compartilhar.
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