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Seu próximo destino será a Nicarágua. Vem saber o porquê

Por
Daniela Pizetta
Em
20 abril, 2017

Foi por pura intuição que escolhi a Nicarágua como meu destino de final de ano. Depois de dois anos a fio viajando de férias por terras mexicanas, em 2016 decidi mudar de roteiro, mas não de Continente.

Meu maior objetivo era explorar as paisagens quase selvagens do lugar, sentir a energia, o calor dos trópicos e vivenciar a simplicidade da vida latina que mexe comigo de um jeito especial. Aqui, vou contar a minha história e relembrar alguns dos lugares por onde passei, mas o melhor de um destino tão intrigante e autêntico, é que todos voltaremos com histórias diferentes e significativas pra contar.

Viajei com meu melhor amigo, o que tornou tudo ainda mais especial. Nosso voo saiu de São Paulo com uma escala na Cidade do Panamá. Seis horas depois aterrissávamos em Manágua, a capital da Nicarágua. Ainda no aeroporto alugamos um carro (que mantivemos por toda a viagem) e dirigimos por aproximadamente 40 minutos até Granada, onde fica o Tribal Hotel, nossa primeira parada.

Granada é um charme. Fundada em 1524, é patrimônio histórico protegido pela Unesco e mais antiga cidade colonizada das Américas. A vida pacata do lugar e a arquitetura colonial iluminaram e coloriram nossos olhos.

O Tribal Hotel (tribal-hotel.com), dos sócios Yvan Cussigh and Jean-Marc Houmard (leia a entrevista que fizemos com Jean-Marc), os mesmos do Restaurante Indochine de Nova York, incita puro êxtase. Com apenas sete quartos, está localizado em uma rua residencial de Granada. Já no lobby a sensação era de que estávamos entrando em uma casa típica da região. A piscina, que eu já conhecia por meio de fotos, é de uma delicadeza sem fim e fica no centro do hotel, instalada de forma a seguir os padrões da arquitetura colonial, lembrando seus típicos jardins internos. Tudo lá superou minhas expectativas e a cada detalhe, seja na decoração (com texturas, estampas e referências antiques) ou no atendimento impecável, percebi que aquele espaço definia meu real conceito de sofisticação.

Conversei por horas com Yvan, um empresário de origem Suíça e que se mudou da frenética Nova York para Granada três anos atrás para abrir o hotel. Ele colocou a mão na massa, literalmente. O que mais me fascinou na sua personalidade foi o respeito que tem pela cidade e pelo povo. Em suas palavras: “não podemos esquecer que estamos aqui como visitantes, nós somos convidados e não novos colonizadores. Granada já foi colonizada uma vez, não precisa passar por isso de novo. Nossa intenção é somar”. Por fim, ele te incentiva a explorar, interagir com os locais e se divertir na cidade, com a mesma paixão que tem pelo seu Tribal.

O MELHOR DE GRANADA

As Igrejas
Encontramos muitas, mas uma delas é unanimidade: a Iglesia De La Merced. Não por sua arquitetura ou pela vista completa que se tem de Granada do alto de sua torre, mas pela intrigante aparência externa. A construção parecia ter passado por um fogo brutal ou algo assim, mas na verdade, a cor escura e esfumaçada é decorrente de um certo fungo originário do material pelo qual foi construída. Material este, encontrado nas regiões vulcânicas do país. Uma espécie de pedra, porosas em demasia, e com o tempo se transforma e escurece. Um espetáculo à parte, uma obra de arte, uma verdadeira surpresa pra mim. Senti um misto de fascínio e respeito, difícil de descrever.

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A Comida
É, de forma geral, leve e delicada e, diferente de outros países latinos, nada apimentada. Indicado pelos proprietários do Tribal, o Espressionista (facebook.com/espressonistacoffee), foi escolhido para o nosso primeiro jantar em Granada. O lugar é decorado com arte local e tem uma pequena lojinha de produtos (também locais) ao fundo. No menu, um apetitoso lobster. Conhecemos o jovem Chef holandês Nils Wijnberg, chegado na cidade a apenas quatro dias. Nils conheceu a Nicarágua durante suas últimas férias e resolveu voltar para ficar por mais seis meses a trabalho e em busca de um novo estilo de vida – senti um certo orgulho dele.

O Café
A Nicarágua começou a ser conhecida por produzir cafés de qualidade incomparável. Foi um dos melhores que já tomei. Provenientes das regiões de Jinotega, Matagalpa e Segovia, os grãos de Nica (forma carinhosa de se referir ao país), são hoje reconhecidos no mundo, mas especialmente apreciados pelos norte-americanos pelo corpo leve e fragrâncias múltiplas, como por exemplo, diferentes amêndoas e baunilha.

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Os Vulcões
Nunca pensei em chegar tão perto de um. Em Nica é possível. Fomos com um guia que nos levou até a entrada do Parque Nacional Volcan Masaya. Dirigimos por cerca de doze minutos até chegar bem na borda do vulcão. O melhor horário para visitar é entre as 17h30 e 19h30, pois ao anoitecer, é possível ver a lava nitidamente. O deslumbramento foi inevitável. A vibe me deixou estranhamente calma e com vontade de ficar em completo silêncio. O respeito que senti pela natureza naquele momento foi maior do que posso relatar. Uma das experiências mais fortes que já vivi.

O MELHOR DA COSTA NICARAGUENSE

O Hotel
Nos hospedamos no charmoso Meson Nadi (mesonnadi.com). Este hotel boutique que fica na praia de Buena Onda, entre Rancho Santana e a praia de Popoyo, é relativamente novo e ainda está encontrando sua forma ideal. Projeto super lindo, que combina as linhas simples do moderno e o aconchego do colonial. Saskia e Dennis, o casal proprietário do Meson Nadi, deixou Berlim há pouco mais de um ano, não para começar um novo ciclo ou estilo de vida, mas para continuar a viver, estimulados pela troca cultural, paixão pela natureza e pelas artes em geral. Notei que além da força incrível dos locais, a Nicarágua está recebendo pessoas admiráveis, que estão se fixando por lá com seus corações abertos para alavancar o país em diferentes aspectos.

Popoyo Beach
Reconhecida por surfistas do mundo todo, a Praia de Popoyo entrega ondas perfeitas para surfistas de todo mundo, mas o que ninguém imagina é que guarda um segredo escondido de pobres mortais como eu e você: o australiano Scott Johnston, proprietário e chef do Magnific Rock Cafe (magnificrockpopoyo.com). Scott, que também é surfista, abriu seu hotel e restaurante no alto de uma montanha, com uma das vistas mais impressionantes do país. Ele mira uma imensa pedra que parece ter sido esculpida pelo mar sabe-se lá por quantos milhões de anos. E realmente o shape e a cor da imensa pedra é algo que nunca vi antes. No menu, pratos elaborados e aromatizados com ingredientes frescos e orgânicos – muitos deles colhidos da própria horta. Do nascer ao pôr do sol, ao som do Pacífico, o chef australiano te convida para relaxar e contemplar, enquanto seu time vem e vai com smoothies, almoços leves ou drinks exclusivos como a Margarita com goiaba.

Maderas Village
Há 45 minutos de Popoyo está o instigante resort Maderas Village (maderasvillage.com). Desde que marquei minha viagem, procurei vaga para me hospedar uma noite, mas sem sucesso. De qualquer forma, eu precisava entender e ver de perto o que é o Maderas. Fui passar um dia lá. Ao chegar, fiquei impressionada com o estilo livre e hippie dos hóspedes. Homens e mulheres jovens por volta de seus 30 anos, que nada ostentavam a não ser o privilégio em estarem hospedados lá. Pouco tem para ver, além das cabanas enormes que servem de quartos e por vezes de salas de yoga. A vista é belíssima e, de fato, o lugar é tudo que se ouve falar a respeito e não se entende bem. Ou seja, o que faz Maderas Village ser Maderas Village são os seus frequentadores. Todos com propósitos parecidos, abertos ao novo e que entendem que aquele não é um lugar para tirar férias e sim uma conexão direta com um lifestyle já estabelecido, seja de qual parte do mundo você for.

Mukul Resort
Tendo como base o Meson Nadi, o Mukul (mukulresort.com) estava na nossa mira. Conhecido como o mais completo luxury resort da Costa Esmeralda, encontramos muito mais do que imaginávamos. Além de se hospedar, você pode passar apenas um dia por lá, que foi o que fizemos. Ao chegar e cruzar o lobby demos de cara com uma piscina de um verde bem clarinho e logo em frente estava o mar que irradiava uma luz sem igual e cheio de gaivotas cantantes. Seduzidos, “entramos” em outra Nicarágua. Tudo no Mukul é suave, das cores a energia do lugar. Com seu próprio aeroporto a apenas 5 quilômetros, o resort é destino para quem precisa de extremo relaxamento e facilidades. Spa, campo de golf, beach club e até uma escola de surf, entre outras atividades, estão inclusos na diária. Você não precisa sair do Mukul se não quiser. O tempo passa de forma diferente por lá. Observei inúmeras famílias elegantes e discretas circulando pelo lobby. Aqui, a única pretensão é contemplar a vida e ficar junto de quem se ama. O melhor veio ao entardecer. Observar o pôr do sol da piscina bebericando uma taça de rosé foi um dos momentos mágicos na minha vida. Jamais esquecerei.

Crédito da foto de abertura: Sam Hull

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