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O pequeno dicionário do amor e da poesia

Por
Anita Pompeu
Em
19 fevereiro, 2016

Verena rima como serena. E assim ela é. Mas quando o assunto é trabalho, essa ariana de 31 anos é pura inquietação. Formada em cinema, foi na fotografia e nas artes plástica que ela se encontrou. Tem um livro lançado (Lovely), uma série de posts em que brinca com a grafia das palavras e que viralizou nas redes sociais e já conquistou o respeito de gente peso-pesado – no fim de 2015 desenvolveu um trabalho a convite de Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci. Além da Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, a praia de Toque-Toque Pequeno, no litoral norte do estado, é outro refúgio e companhia certa para momentos de il dolce far niente e inspiração. “Esse, sim, é um momento em que eu gosto de ficar sem fazer nada. Consigo pegar a cadeira, ficar olhando para o mar e viajando”.

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Como você descobriu a fotografia?
Comecei a fotografar aos 17 anos, quando ganhei uma câmera do meu pai. Já tinha passado em cinema na Faap, mas nunca tinha pensado em ser fotógrafa. Junto com o cinema, fiz Escola Panamericana e, depois, Senac. Mas com o tempo fui achando que eu não tinha nada a ver com o cinema, e curtindo cada vez mais fotografar. Até que, depois disso, fui morar em Nova York para estudar na International Center of Photography, o que abriu minha cabeça. Em Nova York tinha essa cultura de que fotografia é arte, e que era uma coisa que eu não tinha aqui. Eles te olham como um artista, o que me deu muita liberdade para pirar mesmo em assuntos mais caretas. E aí eu fui me encontrando.

Se encontrando, de que forma?
Sempre gostei de escrever, desde a época do cinema. Escrevia roteiro, coisas de amor, pequenas histórias. Mas nada que eu mostrasse. E foi nesse momento, lá em Nova York, que comecei a fazer alguns trabalhos em que eu misturava textos com fotos, e senti que começou a dar certo. Saí um pouco da lição de casa para fazer coisas mais autorais, e fui aprimorando. E quando em voltei, em 2012, percebi que eu não queria abandonar algumas coisas que eu tinha trazido de lá e de que eu gostava.

Como foi essa transição?
Foi no meio disso, por exemplo, que surgiu o Instagram. Fui uma das primeiras pessoas a usar. Tive cinco amigos por muito tempo – isso era lá por 2010, 2011… Mas aí, quando eu voltei para o Brasil, muito perdida profissionalmente, fiz alguns editoriais, matérias de revista e tal, mas ao mesmo tempo eu fui usando a minha conta para nutrir esse outro lado, mas sem pretensão alguma.

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Como surgiu a ideia do jogo de palavras?
Foi exatamente nessa época, e muito sem querer também. Um dia em estava ouvindo uma música do LCD Soundsystem, e tinha a coisa do forget and forgive. E aquilo ficou muito na minha cabeça, e aí comecei a prestar atenção e brincar com os trocadilhos. Tinha acabado de comprar uma máquina de escrever, e então comecei a fazer os posts. A coisa acabou virando um prazer, um hobby, e como tinha uma questão estética também, percebi que atraia outras pessoas, que eu nem conhecia.

E suas frases têm um quê meio de “fossa”, do amor que não deu certo, com que as pessoas se identificam, não?
É, acho que eu acabei criando um personagem. É muito engraçado, porque eu estou namorando já faz um ano. Mas ontem mesmo eu postei um desses e teve gente que ligou pra saber se a gente estava bem (risos).

E quando foi que seu perfil virou o sucesso que é hoje?
Foi em julho de 2013. Nessa época, eu tinha cerca de 3 mil seguidores. E aí umas duas semanas depois, eu recebi um e-mail do próprio Instagram dizendo que eles tinham visto meu perfil, que eles estavam seguindo, e que eles queriam fazer uma entrevistinha comigo, sobre meu processo criativo para repostar na conta deles, de alcance global. Topei, achei legal, mas não tinha a menor ideia do que seria. Até que um dia eu acordei, fui acessar minha conta e deu pau. E aí eu entendi! Do dia pra noite, eu já tinha 12 mil. Daí, dos 12 fui pros 22, e dos 22 mil pros quase 100 mil, que tenho hoje.

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Nesse seu perfil, por meio dos seus posts, as pessoas tendem a achar você uma pessoa soturna, pra baixo, o que, pelo que você falou, não corresponde à realidade, né?
Sim, mas já não foi assim. Porque durante esse processo, eu achava que tinha que estar triste para poder criar. Mas hoje, graças à terapia e à fisioterapia, sou muito mais saudável, gosto de acordar cedo. Acordo 7h30, sem precisar por despertador, e feliz.

O que você gosta de fazer nos momentos de ócio?
Gosto de ficar em casa, mas também adoro ir à praia. As pessoas se surpreendem porque sou muito branquinha, mas eu adoro. Porque esse, sim, é um momento em que eu gosto de ficar sem fazer nada. Consigo pegar a cadeira, ficar olhando para o mar e viajando.

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A que praia você curte ir?
Tenho casa em Toque-Toque Pequeno, no litoral norte de São Paulo, já faz quase 12 anos, e eu gosto muito. Queria até poder ir mais, na verdade. Mas como meu namorado é DJ e toca bastante aos fins de semana, a gente acaba ficando mais aqui.

E o que o verão de São Paulo tem que faz você sair da sombra?
Ele me estimula a acordar cedo, correr, ir para o Parque do Ibirapuera, que, apesar de ser longe da minha casa, gosto muito. Eu não amo fazer esporte, mas percebi que isso me faz bem. Então eu preciso me cobrar. Vou, faço, e depois que eu já fiz eu vejo o bem que me fez. Gosto muito também da praça Buenos Aires, em Higienópolis, pertinho de casa.

O que faz você feliz?
Me faz feliz conhecer algo completamente novo, seja um lugar, um caminho novo na cidade, um bar, uma pessoa ou um artista que eu não conhecia e gosto do trabalho.

E o que inspira você?
Como fiquei muito tempo fora do Brasil, recentemente redescobri o Rio. Já era uma cidade que sempre foi especial para mim. Todas as vezes que eu ia pra lá algo de mágico acontecia. A cidade é a resposta do que me inspira e do que é solar. Acho linda, cheia de prédios históricos, antiga capital do Brasil, foi um lugar extremamente importante para a cultura em termos de escritores, artistas, músicos… Sempre que visito, eu me “amarro” (risos).

Segue ela
@verenasmit

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