Viajar é explorar lugares novos, abrir-se para outras experiências e conectar-se com culturas distintas. É sair do seu mundinho e permitir-se vivenciar o desconhecido. Nos últimos anos, viajar também tem significado uma oportunidade de ajudar o próximo. Nada mais natural, já que conceitos como propósito e impacto têm permeado cada vez mais as esferas de nossas vidas.
Muita gente acostumada a curtir férias longe de casa está experimentando cair no mundo como um viajante voluntário. Na maioria dos casos, saem as praias paradisíacas e as cidades com restaurantes estrelados para entrar vilarejos e pequenas comunidades que até o Google Maps não localiza. É nestes cantinhos do mundo que ONGs-escolas, fazendas e orfanatos têm se organizado para receber visitantes.
São instituições que de fato precisam de tudo aquilo que o turista leva consigo: aptidões, conhecimentos específicos e vontade de ajudar. Ele, por sua vez, vivencia uma experiência única de aprendizado e de troca, que reflete num intenso processo de autoconhecimento. Ficou interessado? Confira cinco dicas para ser um viajante voluntário:
Para onde ir?
A regra é a mesma de uma viagem de férias: escolha um destino que desperte seu interesse e curiosidade. Seja simplesmente pela localização, seja pela riqueza natural ou pela cultura. Fique atento a detalhes como segurança (principalmente se viajará sozinho) e língua falada — barreiras na comunicação influenciam muito na experiência. Pesquise se há possibilidades de passeios nos arredores, afinal você pode curtir os fins de semana como um turista comum.
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Como encontrar um projeto?
Sites como o Workway e o Worldpackers reúnem uma variada lista de instituições que recebem voluntários. Há de escolas a orfanatos, passando por projetos de proteção a animais e eco-fazendas. É preciso fazer uma assinatura anual para então poder conversar, tirar dúvidas e combinar o seu período de voluntariado diretamente com os idealizadores dos projetos. Para quem prefere recorrer à uma agência, a empresa Volunteer Vacations tem projetos do Oriente Médio à Costa Rica. Ela organiza viagens de até um mês, no chamado short-term volunteering, e dá todo o suporte que você pode precisar.
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Férias ou trabalho?
Ainda que seja voluntário, você terá horários, obrigações e chefes. O que é essencial para se sentir parte integrante da rotina da instituição. Às vezes, pode ser procurado para ajudar em áreas que não tem conhecimento, por isso é importante deixar claro quais são suas competências e interesses e de que forma pode contribuir no projeto escolhido. Se a ideia é ter os fins de semana livres, já deixe isso também combinado de antemão.

Questões de contexto
Morar e trabalhar em outro país significa ter de seguir regras e uma dinâmica de vida que podem não fazer sentido para você. Para ter sucesso numa viagem voluntária é essencial abrir o coração e a cabeça para o “diferente” antes mesmo de chegar a seu destino. Deixe de lado estereótipos e, no dia a dia, treine o entendimento de uma cultura dentro de seu contexto local. Não se trata de um exercício fácil, mas pode ter certeza: é dos mais enriquecedores da experiência.
ONGs testadas e aprovadas
Bright English Medium School, Tanzânia
Pertinho do famoso Serengeti Park, no vilarejo de Loliondo, a Bright English Medium School oferece ensino de qualidade a crianças da etnia Maasai. Precisam de voluntários para dar aulas complementares, bolar atividades esportivas e artísticas, auxiliar na administração, finanças e organização de campanhas de arrecadação de fundos.
Moving the Goalposts, Quênia
A Moving the Goalposts empodera meninas por meio do futebol. Elas são treinada para o esporte e educadas em temas como educação sexual, liderança e independência financeira. “O impacto da ONG é incrível. Conta até com um departamento para sensibilizar os homens da comunidade, para que entendam o potencial e a contribuição que a mulher tem na sociedade”, diz Marília Couto Cardoso, que voluntariou na unidade de Kilifi da instituição, em 2017.
Amasiko, Uganda
No sul do país, o Amasiko faz o tipo 3 em 1: lodge, fazenda orgânica e escola. As rendas dos dois primeiros financiam o terceiro, que atende as crianças da zona rural. Viajantes a fim de contribuir nas área de agricultura, administração, turismo, marketing e comunicação são sempre bem-vindos. De quebra, eles experimentam a vida à beira do paradisíaco Lago Bunyonyi.
Foto de abertura: Bruna dando uma oficina sobre o carnaval do Brasil na Bright School, na Tanzânia | Crédito: Eduardo Asta