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Fuja da muvuca: uma lista alternativa das melhores viagens do planeta

Por
Fabiana Corrêa
Em
6 julho, 2018

Desertos, praias ou montanhas, não importa. A gente dá o roteiro pra você ir a lugares incríveis e sem lotação na próxima viagem

Não precisa ser necessariamente um deserto, mas museu lotado, praia abarrotada e multidões tomando a rua não são de longe nossa ideia de férias. Nessa listinha estão os lugares bacanas, mas bombados demais, e as opções para você fugir dessa lotação – pelo menos em alta temporada e feriadões. Seja em Malta ou em Goiás, são destinos para aproveitar a vista sem um monte de gente sentada na sua frente.

Cumuruxatiba
Falésia em Cumuruxatiba (BA) | Foto: Paulo Vilela

Cumuruxatiba em vez de Caraíva

Desde que a luz elétrica chegou à Caraíva, um vilarejo perto de Porto Seguro (BA), os visitantes se multiplicaram exponencialmente. Uma turma de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília tratou de empreender por lá e, no último verão, a entrada para uma noite no forró chegava a custar R$ 100. A boa notícia é que o clima tranquilo que se perdeu ainda existe um pouco mais ao sul da Bahia, na vila de Cumuruxatiba. Por conta da maré, o cenário da praia principal muda a cada hora do dia. A uma caminhada de distância há outras praias igualmente paradisíacas, com falésias e coqueirais. Ao longo da praia de Cumuru se espalham bares e restaurantes pé na areia, que na alta temporada organizam rodas de sambas no fim da tarde e noites de forró. Nenhum bar cobra entrada para os shows. No último Reveillon, uma festa aberta cheia de brasilidades rolou até de manhã. Na saída das festas, ainda dá para comer uma tapioca na pracinha que fica no centro do vilarejo. Esqueça a badalação com cara do Sudeste que virou Caraíva. Aqui, o clima ainda é da Bahia.


Monte Roraima em vez de chapada Diamantina

Por algum tempo, a Chapada Diamantina era “o” lugar para se fazer trekkings de longa duração no Brasil e ter contato com toda aquela atmosfera mística. Mas você não precisa disputar espaço com centenas de pessoas do Brasil todo se trocar o destino para o Parque Nacional de Monte Roraima, que tem a mesma vibe alô além, mas ainda não é conhecido da galera. Lendas ameríndias dizem que é em Roraima que está o coração do planeta, com as veias em forma de rios. Na Serra de Paracaima, fronteira com a Venezuela e Guiana, fica o monte, com mais de 2.800 m de altura e 400m de paredões verticais. Subir ali não é pra todo mundo, mas se você está preparado, vai que vai: a cachoeira de El Fosso, em que a água esculpiu rochas por milhares de anos, é uma das recompensas desse caminho árduo. Aliás, o parque é considerado o paraíso das cachoeiras. Na parte final da escalada, o paredão tem ângulo de 75º. Tem que ter guia e equipamento, portanto. E cuide de sua carteirinha de vacinação, principalmente por conta do surto de sarampo.


Café em Seattle (EUA) | Foto: Xochi/Unsplash

Seattle em vez de Nova York

É pra ser polêmico, vamos lá. Tem poucas cidades do mundo que concorrem com NY, mas o clima de consumismo no ar às vezes pesa. Quando vê, está levando pra casa uma forminha de biscoito com a cara do Darth Vader. Seattle começa a crescer e a ter cada vez mais atracões turísticas. É chique, tem mar em volta e muito menos gente que Manhattan. O Space Needle, mirante de 380m de altura que dá uma vista panorâmica da cidade, e aparece na série Grey’s Anatomy, está sendo renovado com uma reforma completa (o restaurante ainda não reabriu, informe-se antes). No centro da cidade, fica o absurdo campus da Amazon, inaugurado no começo do ano. São mega esferas espelhadas que abrigam milhares de plantas de 400 espécies diferentes, criadas para dar um ar tropical aos escritórios da empresa, no entorno. Vá lá para tomar um forest bath e se refrescar. Seattle ainda é a sede de outras empresas de tecnologia e do Starbucks, o que garante uma cafeteria em cada quarteirão. Mais: é perto de Portland e na beira da linda região dos lagos, na fronteira com o Canadá.


Namíbia em vez de África do Sul

A última população do mundo de rinocerontes negros já valeria a pena para colocar a Namíbia no lugar do destino africano preferido pelos brasileiros. Mas o país está ganhando uma boa estrutura hoteleira, o que o coloca na rota de quem quer ver a vida selvagem de perto, mas deitar em um lençol 400 fios à noite. Saindo dos hotéis-boutique de Windhoek, a capital, há safari camps que passam pelos parques nacionais, com hospedagem em lodges luxuosos, muito menos muvucados do que o Parque Kruger, na África do Sul. E há ainda o deserto de Sossusvlei que, dizem, tem as maiores dunas do mundo. Verdade ou não, sua areia alaranjada e os fósseis de árvores contorcidas fazem dele um dos mais belos do mundo. É aquele espetáculo de luz e sombras que Sebastião Salgado registrou em seu livro Gênesis. Ah, esquecemos das praias, onde há colônias de leões marinhos.


Porto, Portugal
Porto | Foto: Roya Ann Miller/Unsplash

Porto em vez de Lisboa

Sim, Lisboa é super bacana, a gente já sabe. Aliás, todo mundo já sabe. A cidade virou uma das capitais preferidas da Europa e isso tem seu preço. Porto, ainda que esteja entre os principais destinos de quem visita Portugal, não é a primeira opção e oferece mais paz de espírito. Lá você vai ter uma boa quantidade de história, restaurantes tão bons quanto e um ar mais cool, reforçado por lojas fofas e descoladas como A Vida Portuguesa, Feeting Room e a Oliva & Co, em que se encontra tudo o que pode ser feito do azeite português – e até pequenas oliveiras, se sua bagagem permitir. A estação de trem São Bento e o Mercado do Bolhão são imperdíveis. Se puder, dê um pulo em Matosinhos, uma cidade à beira-mar a 20 minutos do centro, onde os restaurantes grelham sardinhas ao ar livre para serem degustadas com vinho branco gelado, em mesas na calçada. Tradução de viver bem.


Carmelo, Uruguai | Foto: Olaf Speier

Carmelo em vez de Mendoza

Se você quer conhecer vinícolas e contar algo novo para a galera quando voltar de viagem, então Carmelo é uma opção menos conhecida e menor que Mendoza, um dos principais destinos de vinhos dos brasileiros. A 70km de Colônia do Sacramento, no Uruguai, essa cidadezinha tem oito vinícolas e um quê de Toscana, com suas oliveiras, parreiras, moitas de lavanda e alecrim. Dá para ficar hospedado em uma delas, a Narbona, com apenas oito suítes muito bem decoradas com o discreto charme uruguaio. Ou à beira do Rio da Prata, onde há um resort romântico e luxuoso. Azeites e queijos de produtores locais estão entre as atrações gastronômicas.


Malta em vez de Croácia

Antes e depois de Game of Thrones – assim se define a Croácia, que virou tendência de viagem chique e descolada há uma década, mas hoje tem cidades invadidas por cruzeiros turísticos, o caso da histórica Dubrovnik. Malta, entre o sul da Itália e a Tunísia, também é cheia de história pra contar. O arquipélago, no caminho para o mundo árabe, tem mar azul turquesa (vá à praia de Comino, na ilha de Gozo) e construções centenárias. E, fora do verão europeu, é bem mais tranquilo. Mas talvez dure pouco: a cidade de Valetta foi eleita a capital da cultura da Europa em 2018 e o país já começa a aparecer entre os destinos-tendência. Melhor correr.


Chapada dos Guimarães (MT) | Foto: Divulgação

Chapada dos Guimarães em vez de Chapada dos Veadeiros

A Chapada dos Veadeiros virou point de retiros espirituais descolados e vem recebendo muitos visitantes, então bora conhecer suas irmãs pelo Brasil. A vista dos paredões da Chapada dos Guimarães, para quem olha da parte mais baixa, é de abrir o terceiro chacra. Pouca coisa pode ser tão bonita. A cidade não tem grandes atrativos, por isso a melhor escolha é a Pousada do Parque, que fica nas bordas do Parque Nacional, cercada de verde e com essa vista que falamos. Agende os passeios ao chegar e aproveite caminhadas, cavernas, cachoeiras, rios e a belezura que é a vegetação do cerrado. Como a outra Chapada, ela também tem seus atrativos esotéricos. É o centro geodésico da América do Sul e, dizem, muita energia rola por ali. Pense que está no lugar em que Caetano cita naquela canção – um ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico -, e se deixe abduzir.


Salar de Uyuni em vez de Atacama

Não dá pra comparar os hotéis de luxo de San Pedro de Atacama com as opções de hospedagem em torno do salar, mas o deserto boliviano é uma beleza alternativa aos altos preços e à fama do chileno. E tem algumas opções de hospedagem confortáveis. É até possível combinar as viagens, já que o trekking pelo deserto boliviano termina no Chile, mas passar tempo demais na secura atmosférica pode não muito agradável. O mais bacana de Uyuni é ir no fim da época das chuvas, em janeiro, quando o solo fica coberto como uma fina camada de água e vira um grande espelho refletindo o pôr-do-sol. Sem contar os cactos de mais de 10m de altura que brotam da Isla Incahuasi, uma das atrações. Para se preparar, passe ao menos uma noite em La Paz e aproveite a viagem pela capital Boliviana.


Portland (EUA) | Foto: Adrian/Unsplash

Portland em vez de San Francisco

Hippies ou hipsters? San Francisco é bem legal, mas poucas cidades são mais atuais que Portland. Em que outro lugar haveria uma agência de turismo especializada em tours por cafeterias e pequenas torrefadoras? Mas um bom café coado é só uma das atrações. Portland tem quase 100 cervejarias artesanais, comida de qualidade a bons preços em dezenas de foodtrucks (os originais, montados em trailers de viagem antigos) tocados por bons chefs, eventos descolados de arte e música. E ruas planas para se conhecer tudo isso pedalando. O seriado Portlandia definiu a cidade como “o lugar onde as pessoas jovens vão para se aposentar”. E de fato tem muita gente jovem e estranha. Tantas que, depois de um dia por lá, qualquer esquisitice passa batido. O lema “Keep Portland weird” (Mantenha Portland esquisita), continua valendo.

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