Ninguém escapa desse comportamento que, em excesso, transforma inspiração em insegurança e pode minar o prazer de ser quem se é.
Até pouco tempo atrás, a gente se limitava a desejar — e, às vezes, invejar — as conquistas de pessoas ao nosso redor, como amigos, familiares e colegas de trabalho. Com a chegada das redes sociais, passamos a nos comparar com muito mais gente, o tempo inteiro. No novo episódio do Desenrola, a gente reflete: como isso nos afeta? E dá pra se proteger desse comportamento?
“Se você acredita que o outro é perfeito, na hora que chegar no lugar que supostamente era o dele, vai se sentir um impostor, porque você está acreditando que é possível ser um ideal.”
Vera Iaconelli
Psicanalista, escritora, mestre e doutora pela USP e diretora do Instituto Gerar
Equilíbrio
É legal seguir e conviver com pessoas que despertam nossa admiração: elas nos motivam a sonhar e apresentam novas possibilidades. Mas é preciso ter cuidado quando a inspiração vira um desejo de ser o outro — até porque, o que vemos desse outro é só o que ele escolhe mostrar.
“O outro é uma imagem, e a imagem é bidimensional. Esse outro com quem eu me comparo — inclusive nas redes — parece ter uma existência plena, sem vazios ou inconsistências. Já o outro simbólico, que é o da palavra e da intimidade, é cheio de falhas, lapsos e contradições — que é o que a gente é, de fato. Ele nos humaniza.”
Vera Iaconelli
Consequências do excesso de comparação:
· Baixa autoestima.
· Paranoia causada pelo excesso de vigilância.
· Paralisia trazida pelo sentimento de que nem vale a pena tentar.
· Desconexão com os próprios desejos.
· Sensação de que nunca é o bastante.
· Relações mais frágeis ou competitivas.
“Pra se livrar dessas comparações, a gente precisa se comparar com a gente mesmo, sair da imagem compacta e entrar um pouco mais na nossa narrativa, na nossa história. Nós somos seres de palavras, não de imagem. Se afaste um pouco da loucura das redes sociais, leia livros, faça um diário. Tem muita coisa linda acontecendo.”
Vera Iaconelli
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