A neuropedagoga e  educadora parental Maya Eigenmann explica por que, segundo a ótica da Educação Positiva, certas crenças precisam ser revistas.

clichês

da educação  que deveríamos abandonar

Embora cada vez mais pais adotem uma educação que incentive a comunicação, preze pelo respeito mútuo e valorize as opiniões e os sentimentos dos filhos, algumas concepções defasadas sobre o assunto ainda são passadas de geração pra geração.  Em colaboração com Maya Eigenmann, co-criadora da Educação Positiva no Brasil, a gente destrincha as principais.

Essa perspectiva se baseia na ideia de que as crianças são naturalmente oportunistas e egoístas, e que, portanto, se aproveitarão dos pais se estes não forem firmes o suficiente. Segundo Maya, pra que uma criança saiba o que é respeitar o limite do outro, ela precisa, antes de tudo, ter os próprios limites respeitados.

“Ou você manda no seu filho, ou ele vai mandar em você”

Birras são explosões emocionais naturais e esperadas — já que o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento —, e não atitudes manipulativas. Comportamentos similares também são vistos em filhotes de outros mamíferos. Nessas horas, vale levar a criança pra um lugar mais privado, se mostrar disponível e conversar.

“Birra é falta de limite”

Segundo Maya, no século 18, dar colo era chamado de “Affenliebe” — do alemão “amor de macaco” — e era visto como um comportamento primitivo. A herança desse pensamento persiste até hoje. Dar colo, no entanto, não é mimar; é atender a uma necessidade básica de segurança emocional, essencial pra um desenvolvimento saudável.

“Colo demais estraga”

Somos seres sociais e, portanto, naturalmente interdependentes. Forçar uma criança a ser independente é ir contra sua própria natureza humana. É normal e importante que ela possa contar com alguém em momentos difíceis. Um adulto seguro se desenvolve a partir de uma infância com apego e apoio.

“Criança tem que ser independente o quanto antes”

A educação tradicional prega a submissão: tratar as crianças como se não tivessem voz. Mas como esperar que, mais tarde, elas se tornem adultos com capacidade de se posicionar? Segundo a educadora, se você deseja que seu filho cresça com autoestima, deve respeitar suas opiniões e tratá-lo com dignidade.

“Não deixe a criança dominar você”

Na nossa sociedade, é comum confundir respeito com medo. No entanto, o medo não promove confiança. Pesquisas mostram que métodos punitivos frequentemente geram efeitos negativos, enquanto abordagens baseadas em disciplina positiva são mais eficazes no desenvolvimento saudável.

“A criança deve ser punida pra aprender a se comportar”

É claro que nós vamos guiar e educar. Não é sobre permissividade. O problema está em acreditar que a criança vem ao mundo com tendências maliciosas que precisamos consertar. Se eu entendo que ela é apenas um  filhote humano que  está aprendendo a se desenvolver, a se comportar, percebo que devo ajudar, e não reprimir.

Maya Eigenmann, neuropedagoga, educadora parental e co-criadora da Educação Positiva no Brasil