Cristais, retiros, suplementos, skincare e afins: será que você tem investido tempo e recursos no que realmente faz diferença pra tornar a sua vida melhor? 

A era da obsessão pelo bem-estar

Foto: imagem gerada por IA

O bem-estar é um negócio global que lucra US$ 5,6 trilhões ao ano, de acordo com um relatório do Global Wellness Institute. Mas quantificar esse negócio é tão difícil quanto defini-lo, já que nesse balaio cabem de spas a cristais, passando por suplementos a terapias que envolvem de rituais ancestrais a alucinógenos. Como chegamos aqui?

Os números e promessas da indústria do wellness vêm crescendo exponencialmente desde a pandemia, quando o “autocuidado” despontou como forma de mitigar as angústias do isolamento. Uma vez que os índices globais sobre saúde mental continuam sendo alarmantes, a indústria continua no lugar certo, na hora certa.

mundo doente

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Mulheres sobrecarregadas

Níveis mais elevados de stress, ansiedade, depressão e burnout do que os homens

Mercado ainda mais fértil pra indústria do bem-estar

Tudo na narrativa do bem-estar é projetado pra levar as metas cada vez mais longe do alcance. Ou seja, você nunca chega a achar que está realmente bem. Há sempre algo a melhorar ou ser curado. Resultado? Exaustas e frustradas com as novas obrigações autoimpostas.

sua melhor versão

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Segundo a jornalista Rina Raphael, autora de The Gospel of Wellness, a indústria do bem-estar prende as pessoas porque oferece seus possíveis benefícios revestidos de certezas. Também aumenta a sensação de controle e até de pertencimento, o que faz com que acabe ocupando um lugar de “salvação” semelhante, em alguns aspectos, ao da religião.

Por mais que um suplemento ou dias de spa possam trazer alívio a determinados sintomas e aflições, uma condição decente de vida é o que realmente resulta em bem-estar, a exemplo de segurança, acesso à educação e ao sistema sanitário, condições de trabalho dignas e alimentos nutritivos e acessíveis.

bem-estar real

“Estamos sedando mulheres com autocuidado consumista. Você não está estressada porque não está praticando yoga o suficiente, ou porque deixou de tomar banho de espuma. Talvez seja porque não tem boas condições de maternidade, porque seu chefe está mandando mensagens depois das 18h, ou porque seu parceiro não ajuda com o trabalho de casa.”

Rina Raphael, autora de The Gospel of Wellness, ao The Guardian

Alcançar um bem-estar genuíno também pode exigir um questionamento mais profundo sobre o que você acredita que significa viver uma vida boa.

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