A arte de curtir a sua própria companhia mesmo estando ao  lado de outra pessoa — e como  esse espaço individual pode melhorar  um relacionamento.

Ilustrações: Eduardo Gayotto

A importância da solitude a dois

Diferente da solidão, a solitude pode trazer autoconhecimento, fortalecer a individualidade, turbinar a criatividade e recarregar a bateria social. Reservar momentos pra aproveitar a própria companhia também pode fazer toda a diferença em um relacionamento amoroso. E isso é possível até estando fisicamente perto da outra pessoa.

Cada indivíduo precisa de uma dose de solitude pra se sentir equilibrado. E, segundo explicou o psicólogo canadense Robert Coplan ao The New York Times, a falta desse tempo pra si pode gerar sentimentos negativos como irritação ou esgotamento — ingredientes que costumam azedar uma relação.

Abstinência  de solitude

Ilustrações: Eduardo Gayotto

A falta de solitude pode ter uma relação direta com a raiva e as agressões dentro de relacionamentos amorosos. E respeitar as diferenças individuais quanto a essa necessidade pode ter um impacto positivo.

Fonte: pesquisa Aloneliness predicts relational anger and aggression toward romantic partners, da Texas Christian University, nos EUA

Se abrir quanto a essa necessidade de passar um tempo na sua própria companhia, deixando claro que “não é você, sou eu”, tem grande chances de tornar a convivência mais prazerosa e madura.

Se abrir quanto a essa necessidade de passar um tempo na sua própria companhia, deixando claro que “não é você, sou eu”, tem grande chances de tornar a convivência mais prazerosa e madura.

Fernanda Torres, atriz, em entrevista a Tati Bernardi no podcast Se ela não sabe, quem sabe?

Minha analista disse que o Andrucha e eu somos casados pra podermos ficar sozinhos. E talvez a gente tenha mesmo se encontrado no fato de que ambos querem ficar sozinhos. São duas solidões acompanhadas.

O conceito da solitude acompanhada aparece no livro Solitude: The Science and Power of Being Alone, da pesquisadora Thuy-vy T Nguyen. Do que se trata? Da arte de fazer algo sozinho, porém na companhia  de outra pessoa.

Cada um no  seu quadrado

Ilustrações: Eduardo Gayotto

O silêncio é a peça-chave da solitude acompanhada.

O silêncio é a peça-chave  da solitude acompanhada.

Pra essa modalidade dar certo, é preciso que ambas as partes estejam confortáveis com o silêncio e tenham a mesma necessidade de momentos sem interação. Se não é o caso, vale buscar outras formas simples de encaixar esse tempo na rotina: acordar mais cedo que o outro, sair pra dar uma volta, ter um canto da casa pra se refugiar etc.