Eles descansam nossos olhos de tanta tela, funcionam como um refúgio pra tempestade diária de estímulos e ajudam a exercitar habilidades que estão sendo esquecidas.
ilustrações: Eduardo Gayotto
Anna Helena Altenfelder, doutora em psicologia da educação e presidente do conselho do CENPEC, em entrevista ao O Assunto
O meio digital on-line favorece a dispersão. Entre uma notificação e outra saltando na tela de celulares e tablets, e tantos outros estímulos, vamos nos perdendo. Com o tempo, focar em um texto mais longo vai ficando difícil, o que faz com que o acesso à informação por meio da escrita seja cada vez mais superficial.
O hábito da leitura offline descansa os olhos de tanta tela e favorece a concentração. A própria ritualística em torno do livro de papel — e em certos tipos de e-readers — dita um outro ritmo. Podemos anotar, grifar. Ao virar uma página, temos um momento pra respirar e processar informações.
Segundo a pesquisadora Maryanne Wolf, autora do livro O cérebro no mundo digital: Os desafios da leitura na nossa era, o hábito de ler superficialmente múltiplos textos e postagens on-line pode estar dilapidando nossa capacidade de entender argumentos complexos, de fazer uma análise crítica do que lemos e até mesmo de criar empatia por pontos de vista diferentes do nosso.
Não à toa, países que fizeram a transição pra suportes exclusivamente digitais nas escolas, a exemplo da Suécia, estão voltando atrás, apostando em modelos híbridos — afinal de contas, a tecnologia bem dosada pode ser uma grande aliada.
Maryanne Wolf em entrevista à BBC News Brasil