Pra alguns especialistas, a rede já está agonizando, infestada de robôs e cada vez mais afastada de seu propósito de conectar pessoas e compartilhar conhecimento.
O curioso é que, quando a Teoria da Internet Morta tomou força, lá por 2021, a motivação era outra: a rede parecia moribunda porque o algoritmo agressivo estava levando as pessoas a agirem como robôs. Em 2024, os robôs estão postando como pessoas. Há!
do tráfego na Internet é gerado por robôs.
dos robôs são maliciosos, dedicados a copiar informações ou fazer ataques.
do conteúdo postado em 5 anos será gerado por IA.
Fonte: A Internet morreu e esquecemos de enterrar?, Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, para a Folha de S.Paulo
Se tudo continuar assim, é possível que nossa geração terá sido a única a viver o tempo em que a Internet era feita por pessoas. Para as gerações futuras [...], essa ideia poderá parecer antiquada ou até grotesca: uma Internet humana como um cobertor feito de retalhos, esquecido em algum canto mofado do passado.
Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, em artigo da Folha de S.Paulo
Com o irônico nome Modern Love, um relatório publicado pela McAfee este ano aponta que 77% dos usuários de apps de relacionamento já toparam com perfis feitos por Inteligência Artificial, inclusive nas fotos — 26% acabou flertando com um robô.
A Teoria da Internet Morta não afirma que a maioria de suas interações pessoais na Internet são falsas. É, no entanto, uma lente interessante através da qual se pode ver a rede atualmente: já não é para os humanos, pelos humanos. Funciona como mais um lembrete pra sermos céticos e navegarmos com uma mente crítica.
Jake Renzella, professor-diretor de ciências da computação da UNSW Sydney e Vlada Rozova, pesquisadora em Machine Learning na Universidade de Melbourne, na Austrália, ao The Conversation
O lembrete pra navegar no modo crítico e atento fica ainda mais essencial em ano eleitoral, uma vez que as eleições deste ano serão as primeiras desde o boom da inteligência artificial generativa.
A médio prazo, espero ver grandes plataformas olharem pro terreno baldio em que seus serviços se transformaram e usarem uma combinação de verificação de contas e detecção de IA pra tentar restaurar um pouco de humanidade em suas ofertas. Se será tarde demais, porém, é uma questão em aberto.
Alex Hern, editor de tecnologia em artigo do The Guardian