Em um clique, o instante vira memória, com a imagem que se revela no papel. Em um mundo onde tudo some na rolagem infinita da tela, esse tipo de foto analógica permanece.

A MAGIA DA POLAROID

Com a vida migrando cada vez mais pro digital, as coisas palpáveis adquirem um novo valor. Ao passo que a IA deixa a dúvida no ar — é real? —, a Polaroid traz peso, textura, borda. Vira presente, relicário, enfeite de geladeira. A magia da foto analógica e instantânea se guarda e não se perde na nuvem.

UMA HISTÓRIA DE APEGO

Criada pelo físico norte-americano Edwin Land, a câmera Polaroid foi lançada em 1947. Tendo Andy Warhol como entusiasta, se consolidou como ícone tecnológico e cultural. Com a chegada do digital, a empresa entrou em declínio e parou de produzir filmes em 2008. Mas fãs salvaram a última fábrica na Holanda, recuperaram os direitos da marca e a relançaram no chamado The Impossible Project.

Em um tempo ansioso, a fotografia analógica é um ato de resistência: sustenta a memória, com afeto e intenção.

A fotografia analógica demanda muito foco no momento do clique. E isso faz com que a gente se conecte com um outro tempo, menos acelerado. A Polaroid marca um instante, exige presença. E tem um quesito físico: capta e já gera um resultado. Isso cria uma sensação de expectativa e uma vontade de guardar aquilo pra você. ___

Estevão Andrade, fotógrafo especializado em fotografia analógica

A magia da Polaroid: ·  Pensar antes de clicar. ·  Não dá pra apagar nem editar. ·  Cada foto é única. ·  Cada clique é uma escolha. ·  Menos controle, mais surpresa. ·  A lembrança de que nem tudo precisa ser perfeito.

A moldura branca, a leve saturação, o grão suave... tudo nela inspira nostalgia e autenticidade. Essa estética moldou os primeiros filtros do Instagram e segue influenciando fotógrafos e criativos no mundo todo.

ESTÉTICA ATEMPORAL

Nada supera o suspense quase infantil de ver a foto surgir aos poucos, como mágica.

Com imagens cada vez mais complexas sendo geradas por inteligência artificial, a Polaroid é a segurança de saber que aquilo partiu de algo real. Em sua última campanha, a marca se valeu desse apelo pra espalhar frases provocativas pelas ruas de Nova York, a exemplo de: “I.A. não pode gerar areia entre os dedos dos seus pés”.

O CONFORTO DO REAL

Qual é o cuidado que a gente tem com as nossas memórias? Muitas pessoas nem veem as 50 mil fotos que tiram no celular. Quando temos menos, damos mais valor. A foto analógica é uma ferramenta que sustenta a memória e o legado das pessoas através do olhar. ___

Estevão Andrade