ilustrações: eduardo gayotto / noum project

A estética conservadora extrapolou o look de culto e se tornou uma referência de estilo que vai além da religião. 

A MODA MODESTA AGORA É MAINSTREAM

Roupas discretas que revelam pouca pele, atendendo a regras ditadas pela religião ou à opção de manter um lifestyle alinhado com valores tradicionais. A moda modesta deixou de ser nicho pra se tornar um segmento de mercado que não para de crescer, acompanhando a crescente onda conservadora no mundo. Com a pesquisadora do comportamento de consumo feminino Thais Farage, a gente explica o que está por trás desse fenômeno.

ALÉM DO VESTIDO FLORIDO

Até pouco tempo atrás, a “roupa de igreja” era a antítese do fashion. Mas a moda modesta que se vê hoje reflete justamente o desejo de viver as tendências. É um estilo de se vestir pra mulheres que curtem montar looks e querem se expressar através das roupas, mas sem deixar de cumprir os requisitos da religião ou de crenças pessoais.

A moda adora pensar que está ditando tendência, mas, na grande maioria das vezes, ela está apenas refletindo o que acontece antes na cultura e no comportamento. E, o que acontece hoje, é uma guinada ao conservadorismo. __

Thais Farage, na newsletter que leva seu nome, no Substack

No Brasil, a ascensão da estética “bela, recatada e do lar” tem tudo a ver com o crescimento das igrejas evangélicas, acompanhado de um movimento cultural que fez surgir uma série de influenciadores evangélicos — de cantores a pastores — que hoje contam com milhões de seguidores nas redes sociais. 

RECATADA E DO LAR

MODA MODESTA 2025

Roupa oversized. Pouca pele de fora. Pérolas. Sapatos sociais. Saias midi. Unhas claras e de tamanho médio. Calças pantalonas. Estética old money. Kate Middleton e outras princesas europeias como inspiração.

EFEITO PANDEMIA

Com o isolamento social, o desejo por conforto ganhou prioridade. Roupas largas, tecidos suaves e visuais menos preocupados em sensualizar passaram a ser mais valorizados. A moda modesta, que já apostava em modelagens amplas, entrou nesse radar.

O boom de conteúdos sobre ‘como se vestir de maneira elegante’ também está totalmente ligado à estética modesta. A ideia de elegância e riqueza é sempre colocada como um contraponto ao estilo mais sexy. Nada de maximalismo, nada de símbolos da periferia, nada que venha da cultura popular. Além da questão de classe, o discurso é também sobre moralidade. __

Thais Farage

Não é só a moda modesta que ficou mais cool. O conservadorismo como um todo ganha uma roupagem pop nas redes sociais. Bons exemplos são as trends Trophy Wives, Tradwife, Mormon Wives e afins, que incentivam mulheres a serem submissas por trás de um mood clean e um styling milimetricamente calculado.

NA TREND