É claro que nem todo mundo está sendo beneficiado pelas mudanças que estão rolando no sistema de trabalho. Mas a flexibilização já se nota na dinâmica das cidades.

A QUINTA É A NOVA SEXTA

A QUINTA É A NOVA SEXTA

Se você frequenta o litoral paulista, ou curte tomar uma cervejinha no fim do dia em alguma grande cidade brasileira, deve ter notado uma mudança nos últimos tempos: em plena quinta-feira, o trânsito na estrada tem estado pesado e os bares, bombando como se não houvesse amanhã.  O que está rolando?

O que parecia um sonho está se tornando um pouco mais palpável — pelo menos pra algumas pessoas. Várias experiências ao redor do mundo e no Brasil têm evidenciado que, além de melhorar a vida das pessoas em vários âmbitos, o esquema 4 x 3 pode até aumentar a produtividade. Ou seja, o trabalhador mais feliz também é  útil ao capitalismo.

Em um estudo britânico, trabalhadores que entraram nesse esquema relataram uma redução na ansiedade e na fadiga, além de uma melhora na saúde mental e física. Cerca de 71% dos funcionários notaram níveis mais baixos de “burnout” e 39% disseram que estavam menos estressados.

Enquanto alguns privilegiados de startups e empresas com perfis mais inovadores já embarcaram  na semana 4X3, outros milhares  de profissionais tiveram seus esquemas de trabalho flexibilizados. Por mais que muitos chefes tenham imposto a volta total ao presencial, a flexibilidade também passou a ser uma forma de reter talentos.

Trabalhando em casa ou num sistema híbrido, acaba sendo mais viável se organizar pra deixar a sexta mais leve e, assim, “quintar” com força.

Pra os mais jovens, chega a parecer piada que, num passado não muito distante, abolir o uso de terno e tailleur às sextas era uma forma de agradar os trabalhadores. Hoje em dia, o que você quer é não ter nenhuma reunião — muito menos presencial.

Pra quem já quase não dá conta do que tem que fazer, mesmo trabalhando 50 horas semanais, quintar parece piada. Mas todos esses experimentos, questionamentos, novos hábitos e demissões em massa que vemos nos últimos tempos estão chamando a atenção pra urgência de melhorar as condições de trabalho como um todo e criar sistemas de proteção contra condutas abusivas.