Como o Dia das Bruxas acabou virando uma “tradição” brasileira — e o que o Saci Pererê tem a ver com isso.
ilustrações: eduardo gayotto
Do ponto de vista cristão, o Dia das Bruxas coincide com a véspera do Dia de Todos os Santos e do Dia dos Finados — 1 e 2 de novembro, respectivamente —, um momento do ano reservado à memória dos que se foram. Até o nome da coisa tem a ver com isso: Halloween vem de all hallows eve, algo como “a véspera de todas as almas”.
Já os celtas — povos europeus que habitavam a Europa Ocidental e Central, relacionados à cultura irlandesa e britânica — enxergavam a coisa de uma forma mais festiva. A data remete ao festival Samhain, que marcava o fim do período de colheita, seguido do Dia dos Mortos. Também simboliza um novo ciclo, com o início do período mais escuro do ano e a proximidade do inverno.
Tupa Guerra, historiadora e demonologista, em entrevista ao O Globo
O Halloween começou a “pegar” no Brasil graças à influência dos filmes de Hollywood e de todo o soft power dos EUA, que faz com que o american way of life seja desejado nos países sob sua influência cultural e econômica. O recente interesse pelos jogos da NFL, por exemplo, vem no mesmo barco.
A data foi instituída a partir de um projeto de lei de 2003, como forma de valorizar o folclore brasileiro, com lendas e histórias vindas da miscigenação entre diversos povos. Valeu a tentativa.
Pesquisador e doutorando em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Bruno Baronetti explicou ao Jornal da USP que o Dia do Saci foi uma resposta à indústria cultural norte-americana em um momento no qual filmes de grandes franquias, com personagens do imaginário do Halloween, como os vampiros, começavam a ganhar mais força.
Trecho da matéria No Brasil, Halloween ofusca folclore brasileiro (Jornal da USP)