Especialmente após 2006, com o boom do Facebook, ficou extremamente fácil compartilhar os momentos engraçadinhos dos bebês e crianças com amigos, família e outras centenas de pessoas que formam a sua rede. O sharenting — termo que une “share” com “parenting” e se refere a pais que compartilham fotos, vídeos e informações de seus filhos nas redes sociais — se tornou algo natural.
Em 2023, essas primeiras crianças expostas estão entrando no mercado de trabalho e enfrentando as consequências do uso das redes pelos seus responsáveis. Principalmente as que viralizaram e tiveram um momento de suas vidas — na maior parte das vezes, constrangedor — visto exaustivamente por milhares de pessoas.
Um caso que exemplifica bem essa realidade é o do “menino do Bar Mitzvá”, que teve seu vídeo cantando a paródia de uma música da banda One Direction visto milhões de vezes. No podcast Além do Meme, o jornalista Chico Felitti conta que, por conta desse viral, ele já sofreu bullying, recebeu ameaças de morte e não conseguiu arrumar um emprego.
Após toda uma exposição na primeira fase da vida, é comum que esses agora adultos adotem uma postura mais reservada e cautelosa com as redes sociais, podendo ficar até paranoicos com certas interações.
Socialmente, normalizamos o compartilhamento de informações e imagens de crianças que nunca faríamos com adultos. Imagina se, por exemplo, alguém gravasse você brigando com a sua irmã, postasse nas redes sociais e esse mico chegasse a milhões de pessoas sem o seu consentimento?
Não há um caminho certo ou errado. O importante é a reflexão. Afinal, recentemente, até Mark Zuckerberg, o próprio dono do Instagram, postou uma foto com a sua família na rede social, e tampou os rostos de dois de seus filhos. No mínimo curioso, né?