Além de deixar a vida menos solar e causar danos à saúde mental,  a falta de conexão com outras pessoas também pode interferir na estrutura cerebral.

COMO A SOLIDÃO AFETA O CÉREBRO

A solidão crônica afeta diretamente o bem-estar e a qualidade de vida. Tanto é que já vem sendo encarada como uma questão de saúde pública. Mas pesquisas recentes vão além, ao ­­indicar que a falta de conexão com outras pessoas pode até  afetar o cérebro fisiologicamente, aumentando o risco de doenças degenerativas.

O ser humano não nasceu pra ficar  sozinho. Nos tempos  das cavernas, a  solidão reduzia consideravelmente as chances de sobrevivência.

Do ponto de vista evolutivo, pesquisadores acreditam que o mal-estar e o stress causados pela solidão podem ter um papel fundamental, como um alerta de que precisamos nos aproximar de outras pessoas em nome da própria continuidade da espécie.

SINAL DE PERIGO

Episódios curtos e transitórios de solidão motivam a procurar conexões. Mas, quando essa condição se torna crônica, o tiro parece sair pela culatra, porque as pessoas ficam sintonizadas com ameaças sociais ou sinais de exclusão, o que pode fazer com que, pra elas, interagir se torne assustador ou desagradável.

Anna Finley, pesquisadora do Instituto sobre Envelhecimento da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, ao The New York Times

Estudos recentes apontam que quando a solidão desencadeia uma resposta de stress, também ativa  o sistema imunitário, aumentando os níveis de algumas substâncias químicas inflamatórias que,  a longo prazo, podem prejudicar  as conexões cerebrais.­­

A solidão crônica está associada a mudanças em áreas importantes do cérebro responsáveis por funções como cognição social, autoconsciência e processamento de emoções.

Fonte: Neurobiology of loneliness — a systematic review (National Library of Medicine)

Ainda que mais estudos sejam necessários, doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer vêm sendo associadas à solidão.

Pesquisadores norte-americanos também conseguiram comprovar, em estudo recente, que os solitários crônicos tendem a ser fisicamente menos ativos e mais suscetíveis a fumar cigarro, o que abre a porta pra vários outros riscos de saúde.