ilustrações: eduardo gayotto / noum project

Não é só habitar um lugar no mapa — é um jeito de existir no mundo que vem reivindicando seu espaço e extrapolando fronteiras.

COMO É BOM (e muy complexo) SER LATINO

Ser latino é transformar pouco em muito, e o caos em poesia. É existir entre camadas de culturas entrelaçadas, em um continente marcado por contradições, complexidades e riquezas.

Em meio a tensões globais e discursos excludentes — como os que marcam o governo Trump —, a América Latina tem voltado o olhar pra si e chamado a atenção do mundo.

Em 2022, Anitta foi a primeira artista solo latina a alcançar o Top 1 no Spotify com Envolver. Cantando em espanhol, e mesclando ritmos como funk e reggaeton, a cantora contribui pra que o Brasil se sinta, por fim, mais latino. Já em 2024, o planeta se curvou a DtMF, álbum do portorriquenho Bad Bunny que toca em temas como colonialismo e gentrificação.

Mais do que música, Anitta e Bad Bunny fazem uma afirmação política, estética e identitária.

Agora todo mundo quer ser latino. E tudo bem, dá até um orgulho, uma alegria… Mas, no fundo, a gente pensa: agora, seus cabrones? Por que não antes? __

Bad Bunny, em entrevista ao The New York Times

Não foi só a gente que surtou com a indicação de Fernanda Torres e Ainda estou aqui ao Oscar 2025. No radar da mídia internacional, a atriz e o filme chamaram a atenção do mundo pro legado audiovisual da região que, em 2024, também produziu sucessos como a série colombiana 100 anos de solidão (Netflix).

NAS TELAS

Cada vez mais, marcas latino-americanas abandonam as referências eurocentristas pra criar coleções inspiradas em traços culturais do continente, a exemplo da colombiana Agua; da Luar, de origem dominicana, e da Farm Rio, indicadas ao Latin American Fashion Awards no ano passado.

A MODA OLHANDO PRA DENTRO

Não é só Deus que voltou à mesa, mas também a morte: o Vale quer superá-la com tecnologia — e, às vezes, com oração.

Nas redes sociais é possível observar cada vez mais presentes elementos que nos trazem orgulho e nos fazem ter o senso de latinidade e pertencimento. [...] A cadeira monobloco, a figura matriarcal ancestral, o vira-lata caramelo e a gastronomia são alguns desses elementos que vêm sendo resgatados pela juventude em editoriais e campanhas. __

Trecho da pesquisa Pra onde o mundo tá indo (Renata Abranches Branding)

Com o euro e o dólar nas alturas, ganha força o turismo regional em um continente que tem praias no Atlântico, no Pacífico e no Caribe; paisagens que vão da Amazônia ao Deserto do Atacama; metrópoles vibrantes como Rio de Janeiro, Buenos Aires, Bogotá e Cidade do México; comidas variadíssimas e deliciosas e — acima de tudo — gente calorosa sempre pronta pra hablar portuñol.

A AMÉRICA LATINA É UMA VIAGEM