Entenda o conceito que gerou bate-boca nas redes e saiba como essa forma radical de enxergar a alimentação pode prejudicar a sua saúde.
O terrorismo nutricional se baseia na classificação simplista dos alimentos — permitidos ou proibidos, saudáveis ou não saudáveis —, impondo regras que não levam em conta nem as particularidades do indivíduo, nem os fatores sociais, econômicos, políticos e afetivos da alimentação, gerando angústia, culpa, medo e frustração.
A discussão por trás do terrorismo nutricional é antiga, mas o termo foi cunhado nos anos 2000 pelo pesquisador Gyorgy Scrinis, da Universidade de Melbourne, na Austrália, que também deu nome ao “nutricionismo”, pensamento que reduz alimentos a nutrientes. Ou seja, você não come pão, mas carboidratos.
Essa forma radical de abordar a alimentação, muitas vezes vinculada a dietas restritivas, gera uma pressão psicológica que aumenta as chances de desenvolver um transtorno alimentar, problema que afeta mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
É óbvio que, pra quem tem alguma alergia ou intolerância, alguns alimentos são proibidos ou controlados. Mas a maioria dos profissionais que abordam a alimentação de uma forma ampla e atualizada concordam que a questão não está na comida em si, mas em como nos relacionamos com ela.
Moderar o açúcar é importante, claro. Mas, de maneira geral, nenhum alimento consumido com bom senso é capaz de prejudicar a saúde. Ou seja, o caminho não é nem demonizar o bolo, nem se empanturrar de bolo sempre.