Entenda o conceito que gerou bate-boca nas redes e saiba como essa forma radical de enxergar a alimentação pode prejudicar a sua saúde.

Como fugir do

terrorismo nutricional

Tudo começa com uma receita de bolo e, no final, a coach que promete “secar” seus clientes aponta o suposto resultado de ingerir o doce: Alzheimer, obesidade, infarto e por aí vai. A resposta veio do nutricionista Daniel Cady: “isso é terrorismo nutricional e só faz prejudicar sua relação com a comida e o seu corpo”. Aqui, a gente explica o conceito que gerou polêmica e aponta alternativas solares.

O terrorismo nutricional se baseia na classificação simplista dos alimentos — permitidos ou proibidos, saudáveis ou não saudáveis —, impondo regras que não levam em conta nem as particularidades do indivíduo, nem os fatores sociais, econômicos, políticos e afetivos da alimentação, gerando angústia, culpa, medo e frustração.  

que bicho é esse?

A discussão por trás do terrorismo nutricional é antiga, mas o termo foi cunhado nos anos 2000 pelo pesquisador Gyorgy Scrinis, da Universidade de Melbourne, na Austrália, que também deu nome ao “nutricionismo”, pensamento que reduz alimentos a nutrientes. Ou seja, você não come pão, mas carboidratos. 

Vai um betacaroteno aí?

Essa forma radical de abordar a alimentação, muitas vezes vinculada a dietas restritivas, gera uma pressão psicológica que aumenta as chances de desenvolver um transtorno alimentar, problema que afeta mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

consequências nefastas

O caso envolvendo a coach em questão, que não é nutricionista, chamou a atenção ao perigo de se deixar influenciar por conteúdos produzidos por pessoas não aptas. Mais de 3 mil denúncias de exercício ilegal da profissão de nutricionista no Brasil por meio das redes sociais foram feitas nos últimos dois anos, de acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas.

É óbvio que, pra quem tem alguma alergia ou intolerância, alguns alimentos são proibidos ou controlados. Mas a maioria dos profissionais que abordam a alimentação de uma forma ampla e atualizada concordam que a questão não está na comida em si, mas em como nos relacionamos com ela.

alimentação solar

Moderar o açúcar é importante, claro. Mas, de maneira geral, nenhum alimento consumido com bom senso é capaz de prejudicar a saúde. Ou seja, o caminho não é nem demonizar o bolo, nem se empanturrar de bolo sempre.

PODE BOLO?

Na contramão do terrorismo nutricional, a alimentação intuitiva é um jeito de comer que renuncia às dietas restritivas e à perda de peso como objetivo. A ideia é que a pessoa se atente aos sinais da fome e da saciedade, respeitando o corpo e equilibrando suas emoções relacionadas à comida. Um profissional qualificado pode ajudar você a encontrar o equilíbrio.