Como as letras populares do Brasil ganharam espaço na moda e no design nos últimos anos.

Fotos: Arquivo pessoal Filipe Grimaldi

do para-choque  do caminhão  ao hype

do para-choque  do caminhão  ao hype

Nos cardápios do eixo Botafogo-Pinheiros, na parede do bar, na estampa de marcas influentes... De uma hora pra outra, a tipografia vernacular — formada por letras blocadas que você certamente conhece dos para-choques dos caminhões e do comércio popular — está onipresente. De onde veio esse hype?

Boa parte desse movimento tem a mão do artista visual Filipi Grimaldi que, há dez anos, pesquisa sobre as letras populares, cataloga estilos e ensina outros artistas a  pintar alfabetos brasileiros com pincel — seu curso on-line grátis está disponível  no EAD Sesc Digital.

Chora Fotoxópi

Filipi Grimaldi, professor-letrista e artista visual  no Atelier Sin Logo

A gente acabou levando o letreiro popular brasileiro não só pra dentro dos comércios físicos, mas também às marcas que passaram a olhar próprio país de forma diferente, buscando uma identidade nacional através da memória afetiva.

É difícil apontar qual a origem desse inventário popular, já que se trata de uma sabedoria passada de uma pessoa a outra, sem escola formal. Mas, em dez anos de pesquisa, Grimaldi diz que ficou clara a similaridade entre as letras populares da América Latina, ao mesmo tempo em que cada  país ou região tem as suas peculiaridades.

Abridores de letra de Pernambuco: registra e divulga a memória gráfica popular de Pernambuco. Letras que flutuam: mapeamento das letras que estampam as embarcações da Amazônia. Fileteado portenho: o lettering decorativo típico de Buenos Aires. Carga Máxima: coletivo que catalogou a tipografia peruana.

Pra se  aprofundar:

Mapeando e ensinando alfabetos ao longo da última década, Filipi também ajudou a resgatar a profissão de letrista, formando uma nova geração entre jovens que buscavam um trabalho manual com um estilo que não fosse norte-americano  ou eurocêntrico.

Nova geração