Como os Nômades Digitais Podem Destruir Paraísos

A possibilidade de trabalhar de qualquer lugar deu asas a milhões de pessoas. Mas alguns destinos escolhidos não estavam preparados para essa invasão.

Não é de hoje que frilas e outros profissionais independentes rodam o mundo trabalhando de qualquer lugar que tenha internet. Mas, com a pandemia, a tribo dos nômades digitais ganhou milhões de novos adeptos.

Viver na Mala

Uma pesquisa realizada pela consultoria MBO Partners revelou que, só nos EUA, o número de nômades digitais saltou de 7,3M em 2019 para 10,9M em 2020. Mais da metade dessa galera tem emprego de carteira assinada.

Hasta La Vista, Office

Desesperados com a queda do turismo durante o confinamento, alguns destinos seduziram os nômades digitais com vistos especiais e outros benefícios, caso de Aruba, da Estônia, da Geórgia e da Ilha da Madeira.

Vem Que Tem

Empresas como a Selina e a Outsite expandiram seus domínios a vários países, oferecendo coliving (mix de coworking com lugar pra ficar) em lugares como Ilhas Canárias, Costa Rica, México, Colômbia, e outros.

De Olho no Movimento

No entanto, essa invasão também acabou pegando de surpresa alguns lugares que não tinham infra pra receber tanta gente. O exemplo mais gritante é Tulum, no México. “O paraíso dos nômades digitais”, segundo o Lonely Planet. Em plena pandemia, o movimento do vilarejo aumentou em 23% de 2019 para 2020.

No Brasil, picos como Caraíva, na Bahia, Praia do Rosa, em Santa Catarina, e o Litoral Norte de São Paulo também ganharam muitos moradores itinerantes.

“Os nômades digitais não têm ideia de que suas ações estão promovendo o desmatamento. Eles pagam o que for para viver aqui e isso é um grande estímulo para que as pessoas façam coisas erradas”, disse ao Business Insider a ambientalista Heather Froeming, da associação Red Tulum Sostenible, referindo-se às construções ilegais que estão dizimando matas e dunas, além de poluir as águas do vilarejo e dos cenotes, piscinas naturais que são parte de um sistema de rios subterrâneos.