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winnicott

O que fez as redes se tornarem um prato cheio pra adeptos do psicanalista inglês? Conheça um pouco sobre suas teorias antes de sair citando seu nome por aí.

A psicanálise ganhou muito espaço na mídia desde a pandemia — o que é uma ótima notícia, sobretudo diante da crise global de saúde mental. Ao mesmo tempo, os termos e as teorias da psicologia saltaram do consultório à mesa de bar e às redes sociais. Nesse contexto, um nome vem se destacando: 

Donald Winnicott.

psicanÁLISE VIRAL

Um dos motivos do hype é que Winnicott aparece como um autor mais acessível: fala de mães, ambientes, vazio e sensação de futilidade, verdadeiro e falso self. Além disso, adota um estilo clínico acolhedor e empático.

“Winnicott é transmitido como uma espécie de psicanalista ‘fácil’. Porque é evocativo, é simpático. De certa maneira, são teorias que todo mundo ‘entende’. Isso gera cliques, gera likes.”

Lucas Bulamah, psicólogo e psicanalista, mestre e doutor em psicologia clínica pela USP

FATORES EXTERNOS

Outro fator que pode explicar o hype é que, diferente de outras linhas, voltadas à adaptação do indivíduo ao ambiente, Winnicott nunca vai deixar de problematizar o cenário como um dos fundamentos do adoecimento psíquico.

PSICANALISTA DO BORNOUT

É como se nem todo sofrimento fosse responsabilidade só da psique individual. Ou seja, pode ser que o sujeito esteja deprimido porque trabalha em um ambiente cheio de colegas competitivos, chefes abusivos, com demandas e prazos desumanos. Winnicott possibilita olhar com cuidado pra essas condições.

Ainda que o psicanalista inglês tenha uma escrita relativamente acessível e uma abordagem terapêutica interessante para os tempos atuais, a disseminação de suas ideias de forma simplificada pode esbarrar em contextos inadequados e gerar interpretações errôneas por parte de gente que não tem a formação apropriada.

OS CLICHÊS

Segundo Bulamah, a ideia de empatia, por exemplo, recai numa facilitação artificial das relações humanas. É uma dessas palavras, assim como autocuidado, que vêm sendo esvaziadas. “Pouca gente sabe defini-las com rigor”, diz o psicanalista.

Que tal ler Falando com pais e mães, Família e desenvolvimento pessoal ou Tudo começa em casa, entre outros livros de Winnicott? 

Dessa forma, você pode tirar suas conclusões, ao invés de se ater à ótica das redes. É claro que nomes relevantes da psicanálise também podem ser fonte de conhecimento por aqui, mas nem tudo cabe dentro de um post.