Em uma vida cada vez mais digital, o que escolhemos pra ter no mundo físico ganha um status especial.
Livros são como passagens secretas pra outros universos e vidas. Ler no papel, em tempos de hiperconexão, ganha quase a conotação de escapada: uma experiência orgânica e relaxante que descansa os olhos das telas e nos lembra da delícia de focar em uma coisa só, em silêncio.
Receber uma revista impressa que você adora é uma delícia: o prazer do toque, a textura, o cheiro. No mundo real, a narrativa tem o seu próprio ritmo, sem interferências. A cada página, a informação flui sem pop-ups, anúncios e outras distrações irritantes. Um oásis.
Em 2022, as vendas de discos de vinil cresceram pelo 16º ano consecutivo. Só nos EUA, foram 42 milhões de unidades vendidas, boa parte delas pra gente de menos de 25 anos de idade. O chiado da agulha, a “bolacha”, a ordem na qual as músicas foram pensadas pra serem ouvidas: tudo isso ganha uma aura mágica na era do streaming.
Qual foi a última vez que você mandou ou recebeu uma carta ou um bilhete? Massacrada pelo e-mail e, depois, pelos apps de mensagens, essa forma de comunicação hoje em dia tem peso e densidade. Expressar o que você sente por alguém através do papel e da caneta vale por 24 horas de áudios de WhatsApp.
Lembra dos tempos dos filmes revelados e dos álbuns? Pra quem nasceu antes da fotografia digital, os bons momentos eram resumidos em 12, 24 ou 36 imagens. E era isso. Hoje em dia, entre as 200 milhões de imagens que vagam pelas nuvens digitais, escolher uma pra imprimir é embarcar na saga de responder: o que importa pra você?