As ondas de temperaturas extremas estão sendo cada vez mais frequentes. Aqui, a gente explica como isso afeta a sua saúde e o que fazer pra se cuidar nessas situações.  

Mais de 61 mil pessoas morreram de calor na Europa em 2022 e o verão de 2023 no Hemisfério Norte está sendo ainda mais quente, com temperaturas batendo recordes também nos Estados Unidos e na China. No Brasil não é diferente e, até em pleno inverno, essas ondas tórridas são cada vez mais frequentes. Aqui, a gente explica como o corpo reage e dá dicas pra você se cuidar quando o maçarico está on.

O corpo humano tem um sistema eficiente pra se refrescar. O hipotálamo responde ao calor estimulando a produção de suor. Também acelera o coração, dilata os vasos sanguíneos e desvia o sangue quente às extremidades — perto da pele, o calor pode se dissipar de várias maneiras, seja em contato com o ar, seja na água fria.

ar-condicionado de fábrica

pane no sistema

Com o calor extremo, o sistema começa a dar pau. A transpiração excessiva deixa a pessoa desidratada, com menos líquido pra dissipar o calor. Daí o corpo desvia mais sangue às extremidades, privando os órgãos de oxigênio e nutrientes. A nível molecular, as enzimas essenciais pro nosso funcionamento podem deixar de funcionar.

“No calor extremo, os mecanismos de adaptação do corpo humano são insuficientes pra manter nossa temperatura corporal em níveis fisiológicos. A gente pode desenvolver hipertermia e insolação, que são quadros que se caracterizam por sintomas como fadiga, dor de cabeça e, dependendo da gravidade, tontura e convulsões.”

Daniel Mendes Filho, biomédico, em entrevista ao podcast O Assunto

Segundo o relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o calor também tem causado uma série de problemas de saúde mental. Os dias mais quentes estão associados a ansiedade, raiva, irritabilidade, distúrbios do sono e crimes violentos. Também aumentam as tentativas de suicídio e mortes por overdose.

CABEÇA QUENTE

Com os dias, o corpo “aprende” a reagir com mais eficiência e começa, por exemplo, a suar mais e em temperaturas mais baixas. Também consegue reter melhor os eletrólitos em vez de expulsá-los com o suor. No entanto, a aclimatação leva tempo. Por essas e outras, nos sentimos pior nos primeiros momentos de uma onda de calor, quando também costumam acontecer os casos mais graves.

No entanto, assim que a temperatura baixa, o corpo vai ficando destreinado de novo. Por essas e outras, centros de “refrescamento” pra acolher pessoas vulneráveis, piscinas municipais, fontes de água potável e outros recursos serão, cada vez mais, considerados uma questão de saúde pública.

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