Todo mundo já experimentou certo tédio. Seja uma criança que não aguenta mais o fim de semana parado e sem graça, ou um adulto que olha fixamente para a tela do computador sem conseguir cumprir suas tarefas. No dicionário, tédio é o oposto de prazer – mas nem por isso é uma experiência a ser evitada a todo custo.

O filósofo e escritor Andreas Elpidorou, que há anos estuda o ócio criativo, defende o argumento de que o tédio é como um mecanismo que regula nossa motivação pra completar tarefas. “Sem o tédio, ficaríamos presos em situações frustrantes.”

MAS POR QUÊ?

MAS POR QUÊ?

Segundo Elpidorou, estar entediado pode ser um aviso de que não estamos fazendo o que queremos e dar um empurrão em direção aos nossos objetivos. Mas, pra fazer essa ciência funcionar, é preciso avaliar o que nos causa o tédio.

Você pode estar entediado porque tem se dedicado a tarefas fáceis demais, ou muito difíceis. Também pode ser uma questão mais profunda, como sentir que seu trabalho não é tão significante, ou que falta um objetivo claro a ser cumprido. Seja qual for o motivo, pode ser uma oportunidade de ajustar e repensar as prioridades, metas e desejos.

Em tempos de isolamento mais rígido, o tédio bateu na porta de muita gente. Alguns recorriam à timeline infinita das redes sociais, mas acabavam no mesmo beco sem saída: uma pesquisa publicada no jornal científico The Royal Society descobriu que a tecnologia realmente nos deixa mais entediados.

Há quem tenha tirado bons frutos do tédio pandêmico – daí o surto de hobbies. Por outro lado, alguns sentiram na pele os sintomas do “boredout” pela falta de demandas no trabalho. E também houve quem tenha sucumbido ao tédio social.

É possível que um dos grandes motivos para nos sentirmos tão desconfortáveis na presença do tédio seja o imperativo da produtividade e a necessidade de produzir sempre, a todo tempo – ou seremos considerados inúteis e descartáveis aos olhos da sociedade.

PRODUZIR, PRODUZIR

PRODUZIR, PRODUZIR

Nem todo mundo acha que Rita Lee estava certa ao dizer que não existe nada melhor do que não fazer nada. Mas uma série de pesquisas conduzidas por cientistas da Universidade de Central Lancashire, no Reino Unido, concluiu que o estado de tédio pode ser um combustível para a criatividade.