Sabe aquela sensação de absorver a tensão que está pairando no ar? A neurociência explica o que está por trás disso.

O problema nem é seu, mas só de conviver com uma pessoa que está sempre com os nervos à flor da pele você já sente um stress latente, sem entender direito de onde vem.  A neurociência tem uma  explicação pra isso.

O stress pode ser “transmitido” de uma pessoa pra outra, provocando mudanças no funcionamento do cérebro da mesma forma que um estressor real — ou seja, uma situação de ameaça ou perigo.

Fonte: estudo da University of Calgary, no Reino Unido, publicado na revista Nature Neuroscience

Quando convivemos com alguém que está frequentemente estressado — ou que vive sob stress crônico — acabamos absorvendo parte das emoções negativas vividas por essa pessoa. É quase como se nós mesmos ficássemos estressados apenas de ver o que acontece com o outro.

Ana Carolina Souza, neurocientista e cofundadora da Nemesis, empresa especializada em neurociência organizacional

Segundo Ana Carolina, isso acontece devido  a um fenômeno chamado de Contágio Emocional, que pode ter um forte impacto dentro de um ambiente de trabalho, em casa e em outros espaços de convivência.

Se por um lado ninguém curte  absorver emoções negativas alheias, esse mecanismo de “contágio” também exerce um papel fundamental pra nossa habilidade de compreender o estado emocional das outras pessoas, o que é importante pra criar vínculos sociais e sentimento de empatia.

RADAR HUMANO

O problema é que viver sob a influência de alguém estressado gera, potencialmente, as mesmas consequências que o stress crônico, associado a aumento da pressão arterial e da glicemia, dor crônica, além de doenças autoimunes e cardiovasculares. Também pode causar fadiga, irritabilidade e problemas relacionados ao sono e à saúde mental.

Descobrimos que as pessoas com parceiros estressados que adotam comportamentos negativos durante um conflito ficam com níveis mais altos de cortisol, mesmo quatro horas depois. Isso sugere que discutir com alguém que já está estressado pode ter efeitos biológicos duradouros pra saúde.

Rosie Shrout, professora de Desenvolvimento Humano e Estudos da Família na Purdue University, nos EUA, em artigo pra The Conversation

Ser consciente desse potencial de “contágio” é importante tanto pra encontrar formas de se proteger, como pra buscar meios de dar uma mão à pessoa em questão. Será que o stress não está relacionado a algum tipo de sobrecarga que você poderia ajudar a reduzir dividindo tarefas, por exemplo?