Como programas de áudio longos — e muitas vezes profundos — estão tendo tanta adesão em tempos de dispersão e superficialidade.
ilustrações: eduardo gayotto
O formato podcast foi criado na virada do século 21, mas os primeiros programas com esse nome começaram a ser transmitidos só no começo de 2004 — o pioneirismo costuma ser atribuído ao norte-americano Adam Curry, ex-VJ da MTV.
foto: Andrew Hetherington; manipulação digital por Michael Elis
No Brasil, o Digital Minds, do podcaster Daniel Medeiros, foi publicado em outubro de 2004 e é considerado o pioneiro. Lançado em 2006, o NerdCast, que no começo se chamava Nerd Connection, foi um dos primeiros a ganhar relevância — e continua firme e forte.
Em parte, o sucesso dos podcasts se deve à facilidade de combiná-los com outras atividades: correr, lavar louça, dirigir etc. Em um mundo que cobra performance o tempo todo, ouvir um podcast nos dá uma sensação de estar fazendo algo mais “útil” — aprendendo ou ficando por dentro das notícias, por exemplo — do que escutar música.
Na era da hiperconexão, e em meio de tantos estímulos, também está cada vez mais difícil lidar com a dor e a delícia de ficar a sós com os pensamentos. Pintou um vazio? Uma ansiedade? Hora de dar à mente o que ela quer: mais informação. E o podcast vem a calhar, já que pode transitar do banho ao transporte público, onde costumávamos divagar.
Os bons podcasts criam comunidades ligadas pelos mesmos interesses e inquietações. Não à toa, a audiência desses programas explodiu na pandemia, quanto todo mundo estava precisando de conexões. Esse foi um dos motivos que levou o The Summer Hunter a criar o Desenrola, onde ampliamos o debate dos assuntos solares que abordamos aqui.
Dá pra ouvir conto erótico no ônibus, histórias de crime enquanto o bebê dorme e até dar uma espairecida no trabalho. E fica tudo entre você e o fone. Pro rolê ficar completo, acabamos de lançar a playlist Desenrola um Som em parceria com a Tecla Music, pra você ouvir entre um episódio e outro do Desenrola!