Antigamente, música, filmes e séries ocupavam paredes inteiras, fazendo tão parte da decoração quanto das nossas personalidades. Bateu nostalgia?
ilustrações: eduardo gayotto
A relação de posse que tínhamos com o entretenimento fazia toda a diferença, porque eram tempos de acesso difícil. Pra assistir a um episódio da sua série favorita, ou você conferia na programação do canal de TV os horários da reprise, ou ia até a locadora torcendo pra que ninguém mais tivesse a mesma ideia.
Ficou mais barato e mais fácil ser fã de um artista, ou nutrir interesse por um gênero de cinema. Acessamos conteúdo infinito sobre aquilo que gostamos e coisas novas que podemos gostar. Deveria ser o paraíso. Mas, às vezes, dá saudade da locadora.
· As plataformas acrescentam e removem títulos dos seus catálogos a todo momento. · Os algoritmos oscilam entre mostrar o que você gostaria, e o que elas gostariam que você visse. · Você pode pagar por todos os serviços e, ainda assim, não encontrar algo específico. · Claustrofobia da abundância: a sensação de sufoco diante de tantas opções.
Beatriz Guarezi, criadora da Bits to Brands, na edição 254 da newsletter
— menos espaço físico, infinito espaço virtual.
Talvez por isso tanta gente tem aberto espaço nas suas salas de estar pra discos de vinil e DVDs. Aquilo que eles preenchem não cabe em nenhum catálogo de streaming.