Quando foi que as pessoas entraram “nesse lugar” de “ressignificar” o português pra “empoderar” certos termos?
A palavra grudou no mundo durante a pandemia e, da noite pro dia, o que era algo essencial naquele momento — cuidar da saúde mental, comer direito, fazer exercício... — virou argumento pra vender de vela aromática a pijama de seda.
Ouça algum podcast cabeça com um bloquinho na mão e conte quantas vezes você escuta a palavra “lugar”. Quando foi que entramos "neste lugar” de abandonar expressões como “ponto de vista”, “situação”, “condição”, “posição” e tantas outras?
Foi da neurolinguística ao botequim e, na tentativa de falar bonito, muita gente passou a “ressignificar o seu aspecto” ao invés de cortar o cabelo. Apenas parem.
Até quem trabalha com sustentabilidade já está cansado dessa palavra, que acabou virando a queridinha do greenwashing. Tem um aviso dizendo que só lavam toalhas a cada dois dias? Ah, o hotel é sustentável.
Podemos combinar alguma coisa ao invés de alinhar? Ou podemos alinhar que a partir de agora vamos voltar a combinar?
A Desconstrução é uma corrente teórica altamente complexa desenvolvida pelo filósofo francês Jacques Derrida nos anos 1960. A gente piscou e, de repente, o cara que aprendeu três coisas sobre feminismo está “se desconstruindo”.