“Eu amo ter que escanear o quadradinho, ficar dando zoom em cada prato e cantar tudo pro meu amigo que ficou sem bateria”, disse ninguém, nunca, em lugar nenhum.
É preciso ter um smartphone conectado à internet, o que já traz um recorte social. Escanear o maldito quadradinho também pode ser um grande desafio às pessoas que têm pouca intimidade com a tecnologia, sobretudo as mais velhas. Fora isso, ler um PDF na telinha é difícil pra quem não enxerga 100% bem — e dar zoom prato por prato é uó.
O QR Code é um “primo” de código de barras que nasceu nos anos 1990 e, ainda que tenha sido aprimorado e adaptado, vive dando erros, não funciona com qualquer câmera e pifa com qualquer desgaste da imagem do quadradinho.
Longas viagens de carro ou de avião podem ser muito penosas pra crianças e pessoas mais velhas. Como intuito principal da viagem é reunir a família novamente pra dias de convivência, mais vale focar em um destino dentro de um raio de, no máximo, cinco horas de carro.
Um menu físico nos traz o prazer das coisas palpáveis e reforça que jantar ou almoçar fora é uma ocasião especial. Tê-lo em mãos nos lembra que é hora de fazer uma pausa em um dia agitado, afastar os olhos das telas e focar no mundo real.
Sutilmente, o cardápio físico também nos leva a interagir com os outros — a começar pelo garçom que vem distribuir e já aproveita pra cantar os especiais do dia. Muitas vezes, compartilhamos menus, apontamos as coisas. É uma experiência muito mais orgânica do que a clássica cena de “cada um na sua tela” à qual o QR Code nos conduz.
Trecho de “QR code menus are the death of civilization”, do Washington Post
Os menus físicos superelaborados não são as únicas alternativas aos QR Codes. A boa e velha lousa de giz, por exemplo, é uma opção low cost que adiciona um charme hipster ao lugar. Donos de bares e restaurantes: usem a sua criatividade.