Siri, Alexa, Cortana… Mais do que mera coincidência, essa escolha é baseada em estereótipos de gênero e pode dificultar ainda mais a vida das mulheres.

Você já reparou que a maioria das assistentes virtuais têm nomes e vozes femininas? 

A Siri, da Apple, tem um nome nórdico que significa “mulher bonita que leva você à vitória”. A Cortana, da Microsoft, recebeu o nome de uma I.A. personagem da franquia de videogame Halo. A Alexa, da Amazon, também utiliza como voz padrão a feminina.

mais a fundo

As empresas de tecnologia justificam essa escolha apontando pra estudos que mostram que os consumidores preferem as vozes femininas às masculinas. Mas o X da questão é exatamente esse: por que as pessoas se sentem mais confortáveis dando ordens a uma voz feminina?

Segundo o relatório da Unesco I’d Blush if I Could, que atenta pra essa problemática, as assistentes de voz são concebidas com vozes e nomes femininos por conta de estereótipos de gênero que, na nossa sociedade, colocam as mulheres como mais obedientes e complacentes.

questão de gênero

eu não sou sua assistente

O problema não está exatamente na forma que tratamos a Siri, a Alexa ou a Cortana. Mas sim em como, mesmo que de forma inconsciente, essa realidade pode perpetuar no imaginário comum construções sociais machistas — por exemplo: a de que as mulheres têm a obrigação de estar sempre disponíveis pra cuidar e auxiliar o outro.  

“Quanto mais a cultura ensinar as pessoas a equiparar mulheres a assistentes, mais mulheres reais serão vistas como assistentes — e penalizadas por não serem como assistentes.”

Trecho do relatório I’d Blush if I Could

Outra questão apontada são as respostas das assistentes virtuais a xingamentos ou assédios verbais. O próprio título do relatório — em português, “Eu coraria se pudesse” — era a resposta padrão da Siri quando alguém lançava um palavrão à ela. Hoje, ela foi alterada para “não sei como responder a isso”.  

ação e reação

Grande parte do problema — e da sua solução — está na falta de diversidade no universo da tecnologia e da inteligência artificial. Segundo estudo da Revelo, empresa de tecnologia no mercado de recrutamento e seleção de profissionais, as mulheres representam apenas 12,7% das áreas de programação e TI.

cadê as minas?

no caminho da mudança

No Brasil, já existem várias iniciativas que têm como objetivo mostrar para as mulheres que elas podem — e devem — ocupar as áreas relacionadas à tecnologia. Bons exemplos são a Elas programam, a RePrograma e a Minas Programam.