Bons motivos pra você dar um jeito de parar tudo e maratonar a série sobre a qual todo mundo está falando.
A série traz uma necessária atualização do gênero “nordestern”, inaugurado em 1953 pela superprodução O Cangaceiro, de Lima Barreto, que não deixa de ser um clássico exemplo de como o Nordeste foi, por muitas décadas, retratado segundo a ótica sudestina, com sotaques forjados e narrativas caricatas.
Ao contrário de O Cangaceiro, que foi rodado no interior de São Paulo e protagonizado por um gaúcho (Alberto Ruschel), Cangaço Novo traz um elenco majoritariamente nordestino e usou como cenário o sertão da Paraíba e do Rio Grande do Norte, o que proporcionou uma imersão na realidade que serve de pano de fundo.
“Essa escolha de não ter filmado com tela verde, beber da geografia, beber da luz do lugar, beber da vegetação, é um comprometimento com a verdade, assim como a escolha de um elenco majoritariamente nordestino. E, ao mesmo tempo, a escolha de uma equipe que fosse plural, composta por gente do Brasil, para não só trazer uma identificação com o povo nordestino”.
Alice Carvalho, que interpreta Dinorah, ao Diário do Nordeste
Outro elemento que explica o sucesso da série é a sucessão de algumas das cenas de ação mais complexas já produzidas no Brasil, com explosões, perseguições, acidentes de carros e brigas hollywoodianas. Pra aguentar o tranco, Alice Carvalho treinou hipismo, musculação, muay thai e jiu-jitsu.
Além de jorrar adrenalina, você vai acabar dançando na sala com a trilha sonora, que tem 16 faixas compostas ou regravadas especialmente para a série — uma nova versão de Do Caos à Lama da Nação Zumbi é um dos destaques. A própria Alice Carvalho gravou Espumas ao Vento, que ficou famosa na voz de Fagner. E ainda tem Rachel Reis, Getúlio Abelha, Daniel Groove...
Assaltos espetaculares, bandidos carismáticos com alma de Robin Hood... Lembrou de outra série? Com todos esses elementos acrescidos de muita densidade, interpretações marcantes, fotografia de luxo e outros elementos, Cangaço Novo já está entre as mais vistas em vários países da África e é forte candidata a ser um sucesso mundial.
Caio Braz, jornalista