Procrastinar significa deixar pra depois uma ação pretendida mesmo sabendo que, a longo prazo, isso pode ter consequências negativas. Por isso, o ciclo da procrastinação é tão nocivo: depois do alívio inicial que sentimos ao ver um vídeo de gatinhos na internet em vez de entregar o job, é comum que sintamos ansiedade, culpa e vergonha, o que acaba gerando… mais procrastinação.

A procrastinação tem a ver com o chamado “viés do presente”: nossa tendência de priorizar gratificação instantânea em vez de benefícios a longo prazo. É uma briga entre o sistema límbico — parte do cérebro ligada às adaptações de sobrevivência mais fundamentais e, portanto, a comportamentos impulsivos — e o córtex pré-frontal, responsável por atitudes complexas e pensadas, como planejar o futuro.

SAIBA IDENTIFICAR

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“Estamos confundindo as coisas e chamando viver de procrastinar”, diz o analista de tendências e professor da PUC-MG Tiago Belotte em coluna na revista Vida Simples. Pra ele, procrastinação é algo que não está trazendo alegria, afeto e memórias. Mas, se está fazendo você sorrir, refletir, descansar, dar ou receber amor, não.

Tudo indica que não é possível eliminar a procrastinação. Mas podemos aprender sobre nós mesmos pra que, na hora em que aconteça, tenhamos recursos pra conduzir a situação. Um caminho é justamente domar o crítico interno: alguns estudos já mostraram que quem se trata com menos cobrança e mais compaixão, paciência e autoperdão nesses momentos tende a procrastinar menos depois.