São nove estados com culturas diversas, sotaques múltiplos, natureza variadíssima e cidades prósperas. Está na hora de descartar os estereótipos e enxergar essa região como ela é.

PRECISAMOS FALAR DE

NO PLURAL

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Pra muita gente, ao falar no Nordeste, as primeiras imagens que vêm à mente são chapéu de couro, vaqueiro, cangaço, seca. Será que não chegou a hora de realmente enxergar essa região tão importante do Brasil como um território muito mais complexo, diverso e próspero? A seguir, o jornalista Caio Braz explica por que precisamos começar a pensar em Nordestes, no plural.

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Homogeneizar o Nordeste do Brasil na caatinga, na seca e na pobreza empobrece, de fato, a narrativa nordestina. Por que veja bem: em nove estados, existe uma riqueza natural que vai dos Lençóis Maranhenses à Chapada Diamantina; das piscinas naturais de Pernambuco e Alagoas ao Rio São Francisco. A lista é imensa.

MOSAICO NATURAL

fotos: cassio dourado / unsplash lbm / wiki commons

Na cultura, a tendência da mídia é caricaturar o Nordeste como um grande O Auto da Compadecida. Apesar do filme ser bom, é errado reduzir o povo nordestino a esse estereótipo. Menos mal que novas narrativas, como os filmes de Kleber Mendonça Filho e a série Cangaço Novo, estão fazendo essa atualização tão necessária, com atores e atrizes do Nordeste, antes excluídos da dramaturgia brasileira.

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Assim como uma cultura muito forte de repentistas e forrozeiros, o Nordeste também é a origem de iniciativas afro-diaspóricas futuristas, como o BaianaSystem, e tantos outros artistas da Bahia, a exemplo de Caetano e Gil, cuja obra nunca é catalogada como “música nordestina”. Qual o traço que define o que é cultura nordestina?

Pluralidade musical

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foto: reprodução

A quem atende definir a cultura nordestina nas linhas excludentes da seca, da miséria e da caricatura? Essa ideia é apoiada no passado e no olhar preconceituoso de que todo nordestino é um retirante, ou um pau de arara. Mas é só olhar os dados do IBGE pra ver que a capital que mais cresce no Brasil é João Pessoa, na Paraíba.

território próspero

fotos: foto: ba’ra hotel / joão pessoa; a duarte / wiki common

E tem a questão do sotaque, né? Já tentaram de tudo, desde neutralizar — sinônimo de sudestinizar — a homogeneizar, como se o sotaque de Recife fosse igual ao de Fortaleza, de Aracaju ou de São Luís. Basta andar 100 km no Nordeste pra ver como os sotaques mudam. E como ninguém — ninguém! — fala do jeito que as antigas novelas retratam.

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Sim, o Nordeste é a tradição cantada por Luiz Gonzaga e isso faz parte da identidade da região. Mas também é contemporâneo, tecnológico, revolucionário e bem-sucedido. A ideia não é refutar o passado, mas reinterpretá-lo. Tem Lampião e tem cabra macho, mas também tem mulheres poderosas, pessoas queer, travestis, não binárias...

diversidade

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O artista Edy Star, 1974 — Juazeiro, Bahia 

Vale muito a leitura do livro A Invenção do Nordeste (1999), do professor Durval Muniz Albuquerque Júnior, que já foi até adaptado ao teatro e aprofunda a questão da multiplicidade do Nordeste com um texto revolucionário e libertador.

APROFUNDAMENTO

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