Você já deve ter se visto com pressa pra postar sobre como está relaxando. E se simplesmente aproveitasse o momento?
ilustrações: eduardo gayotto
Durante a Maratona de Nova York, uma repórter da Mashable enfrentou falhas nos fones e no relógio. Após a prova, fez um relato sobre sua própria angústia — ela foi às lágrimas — e como ficamos dependentes desses gadgets, mesmo pra coisas que fazíamos tranquilamente sem eles há poucos anos.
Correr deveria ser uma experiência contemplativa, quase meditativa. Mas, na era da hiperconexão, parece que só curtir o percurso não basta. Aos poucos, a busca por curtidas e comentários altera a essência do esporte. Será que ainda sabemos correr só por correr?
Pedalando na contramão, uma geração de ciclistas está adotando bicicletas como as da marca Rivendell Bicycle Works como um manifesto contra a cultura da pressa. Quadros de aço, sem suspensão, nada de lycra. É o retorno ao básico, uma conexão mais pessoal com a máquina e com o ato de pedalar.
É uma questão que vale pra qualquer atividade. Em coluna na revista Hardcore, o surfista Luciano Meneghello pergunta:
Se dedicarmos mais tempo a coisas que não dependem de curtidas — como atividades offline, momentos de contemplação e experiências que não precisam ser compartilhadas pra serem válidas —, pode ficar mais fácil se reconectar com si mesmo. Talvez seja hora de praticar a arte de ir devagar.