Os termos psicológicos e psiquiátricos saltaram do consultório à mesa de bar. Até que ponto isso é bom?
ilustrações: eduardo gayotto
Nos últimos anos, termos que costumavam ser ditos e ouvidos apenas em sessões de terapia têm se tornado cada vez mais comuns. De repente, tudo é “gatilho” e milhares de perfis leigos nas redes falam de TDAH ou transtorno bipolar nos mais variados (e surreais) contextos, lançando diagnósticos para as massas. De onde veio isso?
O lado positivo desse fenômeno é a normalização do debate sobre a saúde mental, que já foi visto como tabu — e, em certos contextos, ainda é. Além disso, à medida que o vocabulário psicológico se populariza, mais pessoas conseguem nomear suas experiências e dores com termos concretos, o que pode ser reconfortante.
Ainda que a popularização dos termos e do debate possa trazer alívio a quem sofre com questões de saúde mental, o uso excessivo dessas palavras pode atenuar seu significado e minimizar a experiência de alguém que realmente vive com um transtorno bipolar ou sofreu gaslighting, por exemplo.
Esses termos podem facilmente ser transformados em “armas” pra agredir e estigmatizar pessoas. Também tendem a ser usados em contextos inadequados e ganhar incontáveis interpretações errôneas por parte de gente que não tem a formação apropriada.
Dizer ao seu parceiro que ele é “tóxico”, por exemplo, não costuma ser produtivo, já que limita o diálogo. Ou seja, é melhor explicar objetivamente por quais motivos você está rotulando essa pessoa como tal. É por ciúmes? São as críticas excessivas? A falta de confiança?