Essa pergunta fica no ar no eletrizante De Tirar o Fôlego, novo documentário sobre a saga da mergulhadora italiana Alessia Zecchini em busca de superar todos os limites do mergulho de apneia.

Vale a pena ir tão fundo nos desafios?

Vale a pena ir tão fundo nos desafios?

Alerta gatilho: talvez você fique literalmente sem ar ao assistir De Tirar o Fôlego. Lançado esta semana pela Netflix, o documentário conta a saga da mergulhadora italiana Alessia Zecchini e de seu treinador, o irlandês Stephen Keenan, em busca de recordes mundiais de imersão em apneia — um esporte que envolve passar vários minutos sem respirar em uma viagem às profundezas do oceano, onde não há luz.

Prenda a respiração e conte até quando aguentar. Depois, tente imaginar como é passar dois, três, quatro, dez minutos sem respirar no fundo do mar. “Foi como descobrir que havia um grupo de pessoas que podiam voar”, disse Laura McGann, diretora do filme, sobre seu primeiro contato com o universo do mergulho livre de competição.

MUNDO ESTRANHO

As imagens de De Tirar o Fôlego são belas e aterrorizantes. O corpo ágil e esguio de Alessia dispara que nem uma flecha. Como uma gota de mercúrio, ela afunda em queda livre seguindo uma corda vertical. O vasto azul vai escurecendo e se apagando até a total escuridão. A mais de 100 metros de profundidade, ela começa o angustiante caminho de volta, após um tempo inacreditavelmente longo sem respirar.

No mergulho livre competitivo, a imersão é válida quando o atleta consegue chegar acordado à superfície, permanecer consciente e sinalizar “OK”.  Desmaios nos últimos metros são corriqueiros, exigindo ressuscitação imediata pra que a hipóxia não cause danos cerebrais e pulmonares. Pra quem vê de fora, é cena de filme de terror.

NO LIMITE. E ALÉM.

ATÉ ONDE, ALESSIA?

Nascida em Roma em 1992, Alessia Zecchini descobriu o mergulho livre aos 13 anos de idade durante umas férias na praia com a família. Desde então, só tem um objetivo: “quero ir mais fundo”. Com a dinâmica de um thriller, o documentário acompanha de perto como ela vai atingindo seus objetivos na competição. E como nunca é o bastante.

Então, o espectador submerge com ela em direção ao Blue Hole, uma caverna de coral 55 metros abaixo do nível do mar no Egito. Seu objetivo é superar a russa Natalia Molchanova, primeira mulher a conseguir atravessar o arco submarino que já tirou a vida de mais de 200 mergulhadores. Molchanova, aliás, desapareceu durante uma imersão em 2015, na ilha espanhola de Formentera.

Vale a pena ir tão fundo nos desafios? De onde vem essa necessidade de superação?

Ao ver o filme, você fará muitas vezes essa pergunta em um sentido mais amplo:

“Estou absolutamente fundida com a água e seu ambiente. Quando você está lá no fundo, a passagem do tempo parece completamente diferente do que na superfície. Isso me traz liberdade, poder e a sensação de que posso alcançar meus sonhos mais loucos e vencer qualquer obstáculo.” Alessia Zecchini