Nosso país tem uma cultura praiana tão pulsante e variada que acabou desenvolvendo uma gastronomia adaptada à areia. Aqui, a gente celebra nosso jeito de comer perto do mar.
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Em 1953, o Biscoito Globo nascia em São Paulo — pasme! — pelas mãos dos irmãos Jaime, Milton e João Ponce. Mas logo passou a ser vendido no Rio de Janeiro e se eternizou. Já nos anos 1960, enquanto Tom Jobim e Vinícius compunham Garota de Ipanema, os primeiros tonéis de mate começavam a circular pelas praias do Rio.
Nos anos 1970-1980, rolou a febre do sanduíche “natural” e também da raspadinha, feita de pedrona de gelo duvidoso raspado na hora, misturado com xaropes multicoloridos de fundo de quintal. Foi nessa época, também, que os carrinhos de milho verde — antes consumido na espiga, sem pratinho — e de sorvete foram sendo adaptados, às vezes com altas gambiarras, pra rodar na areia.
Foi no fim dos anos 1990 que o açaí se misturou ao guaraná, casou com a banana, deu a mão pra granola e deixou todo mundo com língua de chow-chow e cérebro congelado nas praias brasileiras. Logo depois, selou seu passaporte pro exterior e se tornou febre mundial.
Um fogareiro e uma panela de óleo: muitas vezes, essa é toda a “estrutura” que uma barraca de praia tem pra alimentar centenas de bocas em um dia, sem energia elétrica. Por essas e outras, a gastronomia praiana brasileira envolve altas doses de fritura. Resista se puder.