A vida anda tão difícil pra tanta  gente no Brasil e no mundo que,  muitas vezes, se sentir feliz, ou simplesmente ok, pode gerar culpa. Como lidar com esse paradoxo?

Você se sente

mal

mal

por estar

bem?

A culpa pela felicidade é uma velha conhecida da psicologia.  Mas, em tempos muito turbulentos, essa sensação se intensifica e ganha um elemento coletivo. Foi assim na pandemia, por exemplo, e está rolando durante a tragédia climática no Rio Grande do Sul.

Você sente gratidão, mas ao mesmo tempo se pergunta:  o que eu fiz pra sair incólume de tudo isso?

Sua vida nem anda grande coisa, mas sente culpa pelo simples fato de  nada ruim ter acontecido com  você ultimamente.

Você tem passado por experiências tanto positivas quanto negativas, e está lutando pra equilibrar sua alegria com sua tristeza — ex: está vivendo um luto, mas acaba de descobrir que vai ter um filho.

Duas faces da culpa por estar bem:

A culpa pela felicidade tem muito a ver com a condição conhecida, pela psicologia, como “síndrome do sobrevivente”, cuja característica mais marcante é o julgamento moral de autoculpabilização por ter sobrevivido a uma tragédia, enquanto outros não tiveram a mesma sorte.

SÍNDROME DO SOBREVIVENTE

Como seres humanos, nos comparamos uns aos outros e tentamos entender o que está acontecendo conosco e ao nosso redor. E a realidade é que nem sempre há respostas ou justiça. Portanto, é natural que as emoções também sejam complexas, mistas ou conflitantes — especialmente durante um período tão turbulento.

Trecho da matéria “How To Cope With Happiness Guilt”, da Refinery29

Tentar abafar os pontos positivos  da sua vida não beneficiará  ninguém que está passando  por um momento difícil.

Dá pra sentir felicidade e empatia ao mesmo tempo. Também rola aproveitar a energia e a disposição que resultam de estar bem pra apoiar quem não está. Sempre existe uma forma de fazer isso, seja olhando pra quem está perto, seja abraçando grandes causas.

TUDO AO  MESMO  tEMPO

O silêncio é  a peça-chave da solitude acompanhada.

O silêncio é  a peça-chave da solitude acompanhada.

Pra essa modalidade dar certo, é preciso que ambas as partes estejam confortáveis com o silêncio e tenham a mesma necessidade de momentos sem interação. Se não é  o caso, vale buscar outras formas simples de encaixar esse tempo na rotina: acordar mais cedo que o outro, sair pra dar uma volta, ter um canto da casa pra  se refugiar etc.