Uma investigação sobre porque procrastinamos e como lidar melhor com isso. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
Eu procrastino, tu procrastina, nós procrastinamos. Sim, todos nós: a procrastinação não é um desvio de caráter, síndrome de preguiça ou mal a ser curado, mas um comportamento ao qual todos sucumbimos com mais ou menos frequência e que tem, inclusive, explicações evolutivas.
Procrastinar significa deixar pra depois uma ação pretendida mesmo sabendo que, no longo prazo, isso pode ter consequências negativas. Por isso, o ciclo da procrastinação é tão nocivo, e até irônico: depois do alívio inicial que sentimos ao ver um vídeo de gatinhos na internet em vez de finalizar aquele relatório, é comum que sintamos ansiedade, culpa e vergonha, o que acaba gerando… mais procrastinação. Como é bom aprender lidar com isso pra ter uma vida mais solar, a gente foi procurar entender por que a gente é assim.
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Fotos: Brett Jordan / Unsplash
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A procrastinação tem consequências. Em menor grau, pode fazer com que uma planta morra por falta de água, por exemplo. Mas, eventualmente, também causa problemas no trabalho e nas relações pessoais, “queima” nosso tempo de lazer e descanso e nos impede de viver plenamente nossa criatividade e nossos desejos.
Alguns estudos mostram que a procrastinação “crônica” pode ter uma série de efeitos na saúde mental e física, tanto pelo stress causado pelo fato de não fazermos o que precisamos e o que queremos (ou deixarmos sempre tudo para a última hora), tanto porque muitas vezes ela envolve adiar compromissos com o cuidado com o corpo, como fazer exercícios e ir ao médico. Aliás, há quanto tempo você está empurrando com a barriga aquela mamografia ou revisão dental?
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Falar de procrastinação é complexo, porque há muitas nuances. Comecemos pela ciência: um dos jeitos de explicá-la é com o chamado “viés do presente”, nossa tendência de priorizar gratificação instantânea em vez de benefícios a longo prazo.
É uma briga entre o sistema límbico, parte do cérebro ligada às adaptações de sobrevivência mais fundamentais e, portanto, a comportamentos impulsivos, e o córtex pré-frontal, responsável por atitudes complexas e pensadas, como planejar o futuro. Principalmente quando estamos em situações de nervosismo e ansiedade, o sistema límbico se sobressai, e aí adiamos tarefas mais árduas ou monótonas em prol do conforto temporário de maratonar uma série. Isso explica, por exemplo, porque a procrastinação aumentou na pandemia.
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Estratégia de sobreviência
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A procrastinação tem muito mais a ver com uma estratégia de sobrevivência pra confrontar emoções desafiadoras do que com uma falta de eficiência de manejar o tempo e a rotina. É uma forma que uma parte nossa encontra para lidar com tédio, descontentamento, frustração, mágoa, medo e apego que podem ser engatilhados por certas tarefas. O “eu do presente” é dominado pelas emoções e dá as ordens, e o “eu do futuro” é quem paga o pato. Podemos procrastinar simplesmente porque temos que fazer algo chato e trabalhoso — e, lembremos, o corpo também tem a tendência de querer poupar energia —, como limpar o banheiro e entregar o imposto de renda. Mas também pra lidar com a insegurança que aparece diante de projetos que nos são significativos. Há toda uma gama de artistas e escritores que falam sobre como a procrastinação afeta suas vidas. A americana Julia Cameron, conhecida pelo seu percurso para desbloquear a criatividade proposto no livro Caminho do Artista, diz assim: “não chame a procrastinação de preguiça. Chame-a de medo. O medo de não ser bom o suficiente. O medo do fracasso e do sucesso. O medo de sequer começar e o medo de não conseguir terminar.”
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Nem tudo é procrastinação
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É importante dizer, porém, que a noção de procrastinação é muitas vezes distorcida pela cobrança atual em relação a produtividade e performance que está nos deixando exaustos e adoecidos, como alerta o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han no livro Sociedade do Cansaço e tantos outros pensadores contemporâneos. Vivemos uma epidemia sem precedentes de burnout — e que atire a primeira pedra quem nunca sentiu que, independentemente do que fizer, nada será suficiente. Sob essa ótica, tudo que não leva a “resultado” e “tarefa cumprida” vira procrastinação. “Estamos confundindo as coisas. Chamando viver de procrastinar”, diz o analista de tendências e professor da PUC-MG Tiago Belotte em coluna na revista Vida Simples. Por isso, ele criou um filtro para si mesmo para só chamar de procrastinação algo que não está trazendo paz, alegria, afeto e memórias. Ou seja: se está atualizando uma página de notícias sem nem querer ler ou checando o WhatsApp pela vigésima vez no dia, é procrastinação. Mas, se está sorrindo, refletindo, descansando ou dando e recebendo amor a alguém, não.
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Por último, não dá para ignorar que manter o foco não está fácil, tanto pela quantidade de situações desafiadoras no Brasil e no mundo, quanto pelo fato de que nunca tivemos tantos estímulos — e empresas de tecnologia — disputando a nossa atenção. E essa dificuldade de se concentrar em uma coisa só também é uma questão evolutiva (explicada aqui): o próprio mecanismo do cérebro foca e desfoca constantemente. Existe uma avalanche de pesquisadores e coachs oferecendo estratégias e ferramentas pra tentar driblar a distração e a procrastinação — um deles é o americano James Clear, autor do livro Hábitos Atômicos: Um Método Fácil E Comprovado De Criar Bons Hábitos, que dá várias dicas em seu site (em inglês).
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Procrastinação e autoconhecimento
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Tudo indica que não é possível eliminar a procrastinação. Mas podemos, sim, aprender sobre nós mesmos pra que, na hora em que aconteça, tenhamos recursos pra conduzir a situação. Um caminho é justamente domar o crítico interno: alguns estudos já mostraram inclusive que quem se trata com menos cobrança e mais compaixão, paciência e autoperdão nesses momentos tende a procrastinar menos depois. Podemos “aproveitar” a procrastinação pra fazer um exercício de autoinvestigação, procurando perceber o que nos faz procrastinar, o que estamos sentindo quando isso acontece e o que ela pode estar possivelmente mascarando, como perfeccionismo e/ou negatividade em excesso, baixa autoestima e falta de motivação e aceitação. Também vale entender quais métricas estamos usando pra nós mesmos em relação à quantidade de coisas que achamos que precisamos fazer e se estamos respeitando nosso ritmo e os limites do nosso corpo.
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• No site do The Summer Hunter, falamos da cilada da procrastinação produtiva. • Uma reflexão sobre procrastinação com Leandro Karnal. • Uma “lei” que explica porque desperdiçamos tempo. • 5 dicas para manter o foco. • 8 dicas para lidar com a procrastinação (em inglês). • Episódio da série Explicando — A Mente, da Netflix, fala sobre a dificuldade humana de focar. • O designer e criador de conteúdo Tiago Henriques dá caminhos para lidar com a procrastinação em processos criativos no Instagram e no Youtube. • A reportagem Diário da Procrastinação, na revista Piauí, conta a saga de um escritor uruguaio que tinha um tempo determinado para escrever um livro e, no fim, acabou dedicando-o para fazer um diário (que, no fim, virou o livro). • O curso Métricas Femininas, organizado pela artista Mariana Bandarra e a jornalista Barbara Nickel, é uma jornada online sintética e acessível para mulheres encontrarem o ritmo de trabalho e planejamento de vida respeitando os próprios limites.
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