As redes sociais deixaram mais nebulosos os conceitos de amizade e intimidade. E agora? ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
Tempos atrás, tínhamos uma ideia clara de quem eram nossos amigos ou melhores amigos. Geralmente, as pessoas com as quais nos encontrávamos no dia a dia, seja na escola ou no trabalho, seja na rua, nas festas... Ou então aqueles com os quais tínhamos o costume de nos relacionar à distância, o que era um certo perrengue: o rolê envolvia cartas e, de vez em quando, uma ligação que podia gerar uma conta do tamanho da saudade no final do mês. A tecnologia foi evoluindo e, hoje, principalmente devido às redes sociais, nunca esteve tão fácil conversar com tanta gente. Mas isso também fez com que o conceito de amizade ficasse mais nebuloso. Junto com o jornalista Thiago Ney, editor da MargeM Newsletter, a gente discute o que é amizade e intimidade em 2023.
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As redes sociais nos deram a possibilidade de ter centenas ou até milhares de “amigos” no Facebook e “seguidores” em redes como o TikTok e o Instagram. Mas será que clicar em um botão, ficar por dentro de alguns momentos do dia a dia e trocar algumas DMs esporádicas já configura uma amizade?
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Por esse motivo, classificar o que é um amigo pode ser muito individual. Pra uma galera, o tempo pesa. Ou seja, é preciso convivência pra ir construindo, aos poucos, uma intimidade. Mas há quem consiga evoluir pra intimidade com apenas alguns encontros e, assim, considerar aquele match novo tanto quanto um amigo de longa data.
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Quem tem um amigo tem tudo
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Diversas pesquisas já analisaram como as amizades afetam o bem-estar das pessoas. Um estudo da Universidade da Carolina do Norte aponta que quem tem seis ou mais amigos do peito corre menos risco de sofrer “desregulação fisiológica” — desgaste da capacidade do corpo de se recuperar do stress, danos ou outras adversidades. Por outro lado, o isolamento social favorece os problemas de saúde na mesma proporção que o sedentarismo, o tabagismo ou a obesidade.
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O autor da frase acima também elaborou a teoria que diz sermos capazes de manter apenas cerca de 150 relações no nosso radar — o “número Dunbar”. Dessas, cerca de cinco costumam integrar o círculo mais próximo, em torno do qual orbitam outros com diferentes níveis de proximidade. Mas por que? Relacionamentos, inclusive amizades, precisam de esforço pra serem mantidos. Isso pode significar tanto arrumar um tempo na agenda pra se ver ou mandar uma mensagem perguntando como as coisas vão, quanto se mostrar disponível quando o outro precisar. Uma pesquisa do departamento de comunicação da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, calculou que é preciso cerca de 200 horas de convívio pra poder chamar alguém de “amigo próximo”. Ou seja, é um empenho.
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Então, como ficam as relações de amizade quando temos centenas ou milhares de “amigos” nas redes? As conexões, aí, são mais frágeis e emocionalmente distantes. E é bem possível que você já tenha sentido isso na pele. Um bom exemplo é quando, ao encontrar pessoalmente alguém que você conversa e sempre interage no mundo digital, o papo não flui e surge aquela falta de intimidade. O contrário também rola. Há casos em que as pessoas são bem amigas na vida offline, mas não se conectam em redes sociais. Acontece, por exemplo, com amigos que têm opiniões distintas sobre assuntos como política. Nas redes, esse tema domina, e uma das pessoas pode não curtir. Mas, em encontros pessoais, a conversa é mais descontraída.
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Os níveis de amizade também podem se tornar mais nebulosos para o Homo tecnologicus. Por exemplo: você descobre que não é o melhor amigo do seu melhor amigo — e esse pode ser realmente um baque. Em um experimento, pesquisadores pediram a alunos de graduação que avaliassem uns aos outros em uma escala que ia de não conhecer a pessoa a “melhor amigo”. As pessoas que nomearam alguém como amigo esperavam que esse amigo fizesse o mesmo — mas isso ocorreu apenas em 53% dos casos.
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Mas o que fazer quando alguém não é recíproco em relação à amizade? Na opinião de Leaver, ao descobrir que um amigo próximo não sente o mesmo por você, vale se questionar: realmente importa se a pessoa é um “melhor amigo” ou um “bom amigo”? Por que isso é tão relevante?
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Tem muita gente legal por aí
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Mas e se, ao fazer uma faxina social e varrer do círculo as pessoas que não acrescentam, você perceber que não tem tantos bons amigos quanto imaginava? Ou passar por um ghosting de amizade, que pode ser ainda mais dolorido do que o que envolve relacionamentos amorosos? Calma, sempre dá — e é uma delícia — fazer novos amigos, inclusive na vida adulta. Se você está precisando de algumas dicas, aqui vão elas:
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