Na era do “menos não é mais”, vale lembrar que as melhores coisas da vida são simples. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
O exagero nos cerca por todos os lados e é o que move a sociedade atual. Do excesso de consumo ao bombardeio de estímulos nas redes sociais, tudo parece conspirar pra deixar claro que, hoje em dia, menos está bem longe de ser mais. A cultura do over também está no turismo, na estética e se tornou uma ferramenta efetiva pra obter destaque. Tomar consciência disso é o primeiro passo pra remar contra a maré em busca de uma vida mais ancorada no que realmente importa. Aqui, a gente lembra que as melhores coisas da vida são simples.
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Nos dias de hoje, somos constantemente estimulados a acharmos que precisamos de mais do que temos, da nova versão do celular — que é quase igual à anterior — ao sapato que é tendência. E, nessa toada, vamos enchendo nossos armários e esvaziando nossas contas correntes, enquanto alimentamos o sistema capitalista. No livro Vida Para Consumo (2007), o sociólogo Zygmunt Bauman parte da tese que vivemos hoje em uma organização social baseada puramente no consumo, na qual as pessoas se tornaram elas próprias mercadorias descartáveis que precisam se atualizar constantemente pra não perder o valor. Bauman ainda afirma na obra que estamos imersos na “cultura do lixo”, onde quem não consome pode se sentir excluído e humilhado, e o que é consumido será descartado em algum momento.
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Nas redes sociais, o exagero se manifesta na economia da atenção. Nosso mérito pessoal está diretamente ligado ao número de seguidores e existe uma obsessão em viralizar tudo que é postado. Afinal, viralizar nada mais é do que fazer com que várias pessoas prestem atenção no que você está dizendo ou fazendo. E, no mundo de hoje, esse é um bem escasso. Quem não produz constantemente sofre as consequências dos algoritmos, que acabam não entregando suas postagens. Ou seja, quem é produtor de conteúdo se sente praticamente prisioneiro dessa realidade.
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O exagero como atração turística
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Do café da manhã flutuando na piscina com 50 itens a atrações surrealistas, o exagero também move a indústria do turismo. Os Emirados Árabes são o exemplo mais exagerado (risos) disso: o prédio mais alto do mundo, o hotel mais suntuoso do mundo, a piscina mais funda do mundo, o maior aquário do mundo… Até o chamado turismo de bem-estar — que movimentou US$ 814,6 bilhões só em 2022, segundo um relatório da consultoria Grand View Research — entra nessa onda megalomaníaca. Bons exemplos disso são os templos de meditação em Ibiza ou os luxuosíssimos resorts indianos que prometem limpeza espiritual e purificação (alô, terceira temporada de White Lotus!). Será que precisamos de toda essa ostentação espiritual pra atingir o Nirvana? Se você quer conexões mais reais ao viajar, além de usar a criatividade na hora de escolher o próximo destino, uma boa ideia é priorizar uma imersão na cultura local, conhecendo os moradores e seus modos de viver. Com certeza, você sairá dessa mais rico de conhecimento e de espírito.
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Movida pelo exagero da pressão dos padrões de beleza, a indústria da cirurgia plástica e dos procedimentos acabou desencadeando uma segunda camada de excessos ao criar uma estética que se distancia cada vez mais de um corpo humano possível: bocas infladas ao limite, testas que reluzem imóveis, maxilares traçados com régua, simetrias robóticas… Em 2018, inclusive, um grupo de pesquisadores da Universidade de Boston, nos EUA, criou o conceito “Dismorfia do Snapchat” pra definir o comportamento de jovens que recorrem a cirurgias plásticas pra ficarem parecidos com suas selfies. Ou seja, se antes desejávamos as características das celebridades, hoje queremos ser como as nossas versões nas redes sociais, manipuladas por filtros. E isso se torna ainda mais difícil com um padrão de beleza que não só muda do dia pra noite, como é fruto de recursos digitais.
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O que nos afasta do exagero
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Pra se distanciar dessa cultura do exagero, não é preciso necessariamente adotar um lifestyle minimalista. Mas levar em conta alguns de seus princípios pode ser um bom começo: focar no essencial, desapegando do que pesa ou complica. E isso pode valer tanto pra coisas como pra amizades, mundo digital, jobs e até pensamentos. Já é comprovado que a função mental também pode ser extremamente cansativa, provocando esgotamento e fadiga no corpo.
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Mas e se eu precisar comprar algo novo? Uma seguidora do nosso Instagram deu uma dica interessante: anote o que você deseja adquirir — e não é essencial no momento — em um caderno ou no bloco de notas do celular. Deixe lá e, após alguns dias, veja se ainda faz sentido pra você. Esse hábito ajuda a fazer menos compras impulsivas. Sempre que possível, compre de pequenos produtores, brechós e marcas que tenham alguma consciência ecológica. Manter os pés no chão e reavaliar constantemente o que realmente traz alegria pra sua vida é o principal pra escapar dessa rodinha do hamster. Curtir o pôr do sol, trocar ideia com um amigo, dar um mergulho no mar, estar perto de quem importa, se cuidar, dar e receber carinho: no fim das contas, é isso que alimenta nosso sol interior.
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Pra ouvir 🎧 • Alexandre, podcast da revista piauí conduzido pela jornalista Thais Bilenky, que conta como Alexandre de Moraes se tornou personagem central da eleição de 2022.
Pra ver 👀 • O lado B da MTVê por quem mais entende: os ex-VJs Fabio Massari e Gastão Moreira. Em 4 episódios.
Pra ler 📖 • O livro Vita Contemplativa, onde Byung-Chul Han — autor de A Sociedade do Cansaço — faz uma reflexão sobre como gastamos nosso tempo e o que é importante priorizar.
Pra ir 👣 • A exposição Marta Minujín: Ao vivo, que reúne mais de cem obras da artista latino-americana, uma das mais relevantes da sua geração. Na Pinacoteca, em São Paulo.
Pra seguir 📲 • Das bobeiras que a gente ama: no perfil @camera_duels, o ator Cole Sprouse posta fotos que ele tira de pessoas enquanto elas tentam, “discretamente”, tirar fotos dele.
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