Vibes

Rock australiano nos anos 90: que surto foi esse?

Por
Adriana Setti
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De uma hora pra outra, quem frequentava a praia passou a ouvir músicas que falavam da causa aborígene e de outras questões do outro lado do mundo. De onde veio essa onda?

Quem foi jovem no Brasil nos anos 1990 ainda tem os refrões na cabeça: “Come anytiiiime!” ou… “Who can it be now?”… e ainda… “How do we sleep while our beds are burning?”. De uma hora pra outra, o Walkman de quem era da praia foi invadido por letras de bandas como Midnight Oil, Australian Crawl, Hoodoo Gurus, GANGgajang, Men at Work e Spy vs Spy que falavam de causas aborígenes e outras questões de um país que fica do outro lado do mundo: a Austrália. A gente explica que surto foi esse.

Oingo Boingo
Hoodoo Gurus
Men at Work

Ondas sonoras

Na década de 1990, o Brasil viu nascer bandas como O Rappa e Planet Hemp, além de movimentos que fizeram história, a exemplo do Mangue Beat, tendo como maior expoente Chico Science e a Nação Zumbi. Ainda assim, quem pegava onda estava mais ligado na surf music que, naquela época, era sinônimo de reggae jamaicano e rock australiano.

Parati Surf, da Volkswagen
O surfista Fábio Gouveia no alto do pódio

Surf’s up

Enquanto a geração Brazilian Storm mamava, o país vivia um boom do surf amador e profissional, além de uma febre do bodyboard, com vários atletas se destacando no cenário internacional e inspirando as gerações futuras, a exemplo de Andréa Lopes, Picuruta Salazar, Fábio Gouveia, Glenda Kozlowski, Guilherme Tâmega, entre outros.

Everybody’s gone surfin’

Pra galera do surf, a Austrália era uma espécie de eldorado. Consequentemente, o rock australiano foi abraçado tanto por quem almejava esse estilo de vida como por aqueles que movimentavam a cena musical brasileira nas rádios, nos palcos e até nas trilhas sonoras das novelas, que eram embaladas como coletâneas e vendiam que nem pão quente.

Nuno Leal Maia e elenco mirim da novela “Top Model”(1989-1990)

Uma das figuras chave por trás dessa onda foi o empresário Ricardo Chantilly que, nos anos 90, era diretor da Fluminense FM. Em uma parceria com a Redley — marca carioca que era objeto do desejo da galera do surf na época —, a rádio trouxe bandas como Hoodoo Gurus, Yothu Yindi, Midnight Oil e Man at Work pra tocar ao vivo no Metropolitan, no Circo Voador e em outros lugares icônicos do Rio de Janeiro.

Rolê da década

Batizado de Australian Connection, o festival também rolou em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, com casas lotadas e clima de luau. Nem os australianos acreditavam no sucesso absurdo que faziam do outro lado do mundo.

Aliás, o amor do Brasil pelo rock australiano não ficou no passado. Recentemente, os Hoodoo Gurus voltaram a fazer uma turnê ao Brasil depois de 25 anos de ausência, em shows organizados, novamente, pelo empresário Ricardo Chantilly. Em 2017, foi a vez do Midnight Oil fazer esse revival.

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