Jogar a toalha pode nos livrar de várias roubadas e trazer alívio. Mesmo assim, nunca é fácil tomar essa decisão. Não dá pra ser mais leve?
Desistir pode ser ótimo: de um projeto difícil demais, de uma faculdade que não fazia sentido… Mas o ato de pular fora costuma vir acompanhado de sentimentos desagradáveis, como culpa ou fracasso. Em Sobre Desistir (Ubu Editora), Adam Phillips mergulha nos aspectos admiráveis e perturbadores da desistência.
Alerta crise

Segundo o autor, desistimos ou abrimos mão de algo quando achamos que não conseguimos mais continuar como estamos. Portanto, de alguma forma, a desistência está sempre vinculada a um momento crítico — e crise nunca é fácil.
Desistir ou abrir mão de algo (ou alguém) expõe o que supomos querer, o que pode ser incômodo, ainda que libertador.
Em construção…

Às vezes, dói. Mas Phillips nos lembra que desistir é uma tentativa de criar um futuro diferente, mesmo que as coisas não saiam como esperamos.
“Desistir como um prelúdio, como condição para que outra coisa aconteça, como forma de antecipação ou espécie de coragem é o sinal da morte de um desejo; e, pelo mesmo motivo, é capaz de abrir espaço para outros desejos.”
Adam Phillips, psicanalista britânico
Desistir jamais?

O psicanalista britânico chama a atenção pra “tirania da conclusão”, uma valorização excessiva do ato de terminar as coisas, que pode limitar nossa mente. A desistência, dentro dessa ótica, aparece como uma catástrofe a ser evitada. Mas, se a encaramos com mais leveza, podemos ser mais felizes.

Desistir é, de certa forma, se abrir a mudar de ideia. E isso alimenta o nosso encantamento pela vida, ativa a nossa curiosidade e nossa capacidade de aprender.
De que você precisa abrir mão pra se sentir vivo?